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ONTOLOGIA — SER


VIDE: Ser (diversas citações); acidente; apreensão; aseidade; asrama; atualização; coisa; consciência; consciência de si; existência; existência e manifestação; ente; essência; estados do ser; hábito; henologia; ontologia; participação; pertencimento; quididade; realidade; sat; ser divino; ser e meio; ato de ser

O dicionário "Les Notions philosophiques", organizado por Sylvain Auroux, nos lembra na entrada "ser", a primazia desta noção, enquanto ponto de partida da reflexão filosófica no Ocidente. No momento em que com Parmenides se constitui o conceito de ser, surge o questionamento filosófico. Mas o que dizer deste? Os filósofos o pensaram ou abordaram apenas um de seus aspectos sob a forma de um ente particular, como natureza, homem ou Deus? Não seria necessário, para evitar estes embaraços, o tomar "pela simples posição de uma coisa", a saber uma existência, e não como um "predicado real", como assinala Kant na "Crítica da Razão Pura"? Ou melhor, mais radicalmente, considerá-lo, como o faz Nietzsche no "Crepúsculo dos Ídolos", como o conceito mais geral e mais vazio? Ou, na restauração mais atual da "questão do ser", em Heidegger, reconhecer a importância do homem, enquanto "Dasein" (ser-aí) e, por conseguinte, "morada do ser"? Há portanto um espectro de possibilidades de abordar esta noção, aproximada sempre na entidade que revela, o ente que é. O que já se justifica no questionamento original da ontologia emergente em Aristóteles, ainda sem seu título, pela questão "ti tó on?" (o que é o ente?). Filosofar é considerar o ente questionando-o sobre este (ti) que é (esti) (ser do ente).

Christophe Andruzac lembra que em Tomás de Aquino, o esse não designa a existência compreendida como significando o «fato de ser», mas bem mais profundamente o ato de ser.

A estrutura do Ser é triádica: constitui-se do Ser em si, de sua extensão em Experiência em si, que coincide ontologicamente com a Presença de Espírito, e do próprio Espírito, que "participa" de ou "está envolvido em" uma dualidade, dialeticamente irredutível: Sua Presença (nosso ser) ou "Sua Ausência" (mero pensamento do instrumento de Sua Obra). A isto só posso acrescentar, aqui, que a "dualidade redutível" ou "identidade verdadeira", entre Ser em Si e Ser como Experiência é de natureza mística, e que a "Equivalência" entre Ser como Experiência e Presença de Espírito é de natureza sagrada, só podendo, ambas, serem suficientemente investigadas num próximo livro sobre a verdadeira natureza da experiência religiosa. [Sérgio Fernandes: ser enquanto ser; ser-experiência; ser do ente]


El «esencialismo», si es una visión filosófica de los existentes, debería poder explicar la totalidad del mundo del Ser. De hecho, pretende, aunque sea de modo implícito, ser lo suficientemente global como para abarcar todas las cosas. Pero ¿cómo podría serlo, cuando su naturaleza consiste precisamente en aislar unidades ontológicas, haciéndolas «esencialmente» independientes unas de otras? Partiendo de ese enfoque y pretendiendo abarcarlo todo, uno se ve abocado a recurrir al método de la enumeración y la suma. Sin embargo, no importa adonde llegue uno en esta dirección, nunca alcanzará la meta, ya que, sea cual sea el número de unidades independientes que se apilen una sobre otra, uno siempre se encontrará con una cantidad infinita de cosas intactas e inabarcadas.

Así pues, el «esencialismo» es, por naturaleza, totalmente incapaz de captar la realidad del mundo del Ser en su infinita complejidad y en su ilimitado desarrollo. Para ello, deberíamos, según Zhuangzi, abandonar el plano de las distinciones «esenciales» y, unificándonos con la «existencia» que impregna todas las cosas, considerar éstas en su estado original de «caotización» e «indiferenciación». En lugar de formular esta tesis de un modo tan teórico, Zhuangzi la explica ilustrándola mediante el ejemplo concreto de Zhaowen, un célebre tañedor de laúd.

El que una cosa pueda ser «perfecta» y «defectuosa» [a un tiempo] queda demostrado cuando Zhaowen toca el laúd. El que una cosa pueda ser «no perfecta» o «no defectuosa» queda demostrado cuando Zhaowen no tañe el laúd.


El significado de este pasaje se puede explicar del siguiente modo: Zhaowen es un músico genial. Cuando toca el laúd, la pieza musical en cuestión alcanza su forma perfecta. A ello se refiere «el que una cosa pueda ser “perfecta”».

Sin embargo, por el hecho mismo de que Zhaowen ejecute de forma perfecta una pieza musical en particular, el infinito número de piezas musicales dejadas de lado quedan oscurecidas y anuladas. A ello se refiere Zhuangzi cuando dice que una cosa puede ser «defectuosa» al mismo tiempo. Así, la realización perfecta de una pieza de música es, al mismo tiempo, la negación y anulación de las demás posibilidades. Sólo cuando Zhaowen no toca nos hallamos en situación de disfrutar de las piezas que es capaz de interpretar. Sólo así su música es «perfecta» en el sentido absoluto, o sea en un sentido que transciende la distinción entre la «perfección» y la «no-perfección» (o «defectuosidad»).

La «igualación» de todas las cosas nos lleva, pues, al núcleo mismo de la realidad del Ser. Sin embargo, si uno se aferra a esta idea y descarta por completo el aspecto fenoménico de las cosas, caerá en un imperdonable error, ya que, al fin y al cabo, los infinitos fenómenos son también un aspecto de la Realidad. Bien es verdad que la música de Zhaowen es «perfecta» en sentido absoluto sólo cuando no tañe su laúd. Pero también lo es que las posibilidades latentes están destinadas a ser «perfeccionadas» en sentido relativo y no dejarán nunca de abrirse camino desde la posibilidad hasta la actualidad, incluso en detrimento de las demás. Ambas formas de «perfección», la absoluta y la relativa, la fundamental y la fenoménica, son esenciales para la realidad de su música. [Toshihiko IzutsuSufismo e Taoismo]


O termo ser, como sinal verbal, aponta a um conceito. Mas esse conceito, pela simplicidade com que se reveste para nós (simpliciter simplex), é o seu próprio conteúdo. No entanto, ele aponta, por sua vez ao que entendemos por ser; ele "representa" o ser, que é o grande simbolizado por todos os entes.

De que é símbolo esse conceito de ser?

Ora, vimos que o ser é um predicado comuníssimo, simplicíssimo, e essencial de todas as coisas, porque podemos considerar todas as coisas por uma semelhança, pelo menos, a de serem.

Poder-se-ia dizer que o conceito de ser é o mais abstrato de todos os conceitos? E não é assim que geralmente se considera?

E não será o conceito de ser o mais concreto de quantos há? Não predicamos o ser a tudo?

A tudo quanto predicamos, damos-lhe ser; a todas as notas individuais, particulares ou universais. Podemos realmente abstrair o ser desta nota para analisa-la, mas jamais separamos o seu "ser" do ser, porque quando o predicamos, predicamos o próprio ser.

Dizem muitos outros filósofos que o ser é o conceito mais rico e também o mais pobre. Podemos predicá-lo a tudo, mas dele pouco podemos dizer. Inclui tudo o que é e tudo o que pode ser, este conceito de tanta extensão e de tão pouca compreensão.

Mas estamos aqui apenas dentro de uma visão racional. Esquecemos, no entanto, o mais importante: é que o ser não é apenas um conceito, e se dele, conceitualmente, há pouco a dizer, se dele silenciam os nossos esquemas intelectuais, dele fala, Palpitante, expressiva, toda a nossa afetividade, toda a nossa consciência, tudo quanto em nós é ato, atividade, desejo, promessa e certeza.

O ser é uma presença da qual participamos. "Se há diferença entre as qualidades, não há no ser dessas qualidades", exclama Lavelle. "Sua heterogeneidade não os impede de ser da mesma maneira, no mesmo sentido, e com a mesma força. Pois seu ser consiste em sua inscrição comum no interior do mesmo todo, do qual elas expressam um aspecto particular inseparável do todo dos outros. O ser não se divide, porque é o todo, dado em cada parte, e apresenta com ele e, nele, por mais longe que se possa olhá-lo, como uma reunião de partes, em que cada uma possuiria anteriormente, em si, uma existência independente". ("De l’être", p. 38)

Essa presença do ser nos cerca e nos inclui. Dele não podemos evadir-nos, nem o podemos negar, mesmo quando tentamos negá-lo. Antecede-me e sucede-me, e sinto-me como testemunha afirmativa dele. Afirmamo-lo mesmo quando negamos, como vimos com os juízos negativos. O ser da tensão está na relação das partes, nelas, e no todo. Lavelle defende a univocidade do ser, seguindo a linha escotista. Mas, dialeticamente, não há exclusão da univocidade e da analogia, porque a analogia a inclui, como ainda veremos.

O ser, como produzir-se, é sempre ser como poder de produzir, e é sempre ser como sistência.

O ser, como produto, é sempre ser como existência, é sempre ser como multiplicidade existencial.

É o ser que dá o ser ao ser do existente. Onde o ser, está a relação; ambos inseparáveis. O ser não é apenas um conceito, o ser é uma potência universal.

Os objetos são marcas e fronteiras; graus de intensidade e de extensidade do ser, que é ser no devir de seus relacionamentos intensivos e extensivos, e de suas modais.

O ser enquanto ser não têm fronteiras nem marcas, mas nele se dão, nele há marcas e fronteiras (Vê-se que valioso é aqui a diferenciação entre os verbos ter e haver, entre ser e estar, riqueza da nossa língua, como também o é da espanhola). [Mário Ferreira dos SantosOntologia e Cosmologia]



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