GUYONVARCH, Christian-J.; LE ROUX, Françoise. Les druides. 4e éd ed. Rennes: Ouest-France, 1986.
I. Introdução e Definição da Noção de Druida
- A imagem mais frequentemente reproduzida nos manuais de história é a do druida gaulês cortando o visco, um rito que Plínio descreve como o sacerdote vestido de branco subindo à árvore e cortando o visco com uma foice de ouro para ser recolhido num pano branco.
- Paradoxalmente, a questão, muito mais grave segundo critérios modernos, de saber se os druidas procediam ou não a sacrifícios humanos, apaixonou menos os eruditos do que este rito da colheita de uma planta medicinal, que à primeira vista é bastante banal.
- Os textos gregos e latinos disponíveis, nos quais o nome dos druidas aparece, bem como os documentos celtas insulares, quase exclusivamente irlandeses, constituirão a base do trabalho, por meio da comparação, confronto e cruzamento dos dados.
- A noção de druida deve ser definida não como a de um simples filósofo ou mago iniciado numa certa forma de sabedoria, mas como um sacerdote com múltiplas capacidades, amplos poderes e saber universal, pertencente a uma classe sacerdotal perfeitamente definida e organizada, comparável à dos brâmanes da Índia.
- O druidismo é colocado muito acima da religião geralmente apresentada nos manuais, a qual é considerada manifestamente falsa, consistindo num paganismo celta baseado numa religiosidade naturista com deuses solares ou mitos historicizados e em práticas mágicas que misturam cultos pré-indo-europeus com concepções religiosas veiculadas pelos povos da Europa.
II. Os Druidas Segundo os Textos Antigos
1. Júlio César ( De Bello Gallico VI, 13)
- Em toda a Gália, duas classes de homens são importantes e honradas, sendo que o povo quase é colocado na categoria dos escravos, não ousando fazer nada por si mesmo e não sendo consultado sobre coisa alguma.
- Quando a maioria do povo se vê sobrecarregada de dívidas, esmagada por impostos ou submetida à violência de pessoas mais poderosas, coloca-se ao serviço dos nobres, que têm sobre eles os mesmos direitos que os mestres sobre os escravos.
- Dessas duas classes, uma é a dos druidas e a outra a dos cavaleiros, sendo que os primeiros cuidam das coisas divinas, ocupam-se dos sacrifícios públicos e privados e regulam todas as questões religiosas.
- Um grande número de jovens se instrui com eles e desfruta de grande consideração, pois são eles que resolvem todos os diferendos, públicos e privados, decidindo, avaliando danos e penas em caso de crime, homicídio ou contestação relativa a heranças ou limites.
- Se um particular ou um povo não aceita a sua decisão, os druidas proíbem-lhe os sacrifícios, que é a pena mais grave entre eles, fazendo com que os interditados sejam considerados ímpios e criminosos, sendo evitados para que não se seja atingido por um mal grave ao frequentá-los, e as suas demandas em justiça não são admitidas, nem lhes é concedida qualquer honra.
- Um único druida, que exerce a autoridade suprema, é superior a todos os outros e, após a sua morte, o sucessor é aquele que o supera em dignidade ou, se houver empate, a disputa pelo principado é resolvida por sufrágio dos druidas e, por vezes, pelas armas.
- Em determinada época do ano, os druidas reúnem-se num local consagrado no país dos Carnutes, considerado o centro da Gália, para onde vêm de todas as partes aqueles que têm contestações e se submetem aos seus pareceres e julgamentos.
- A sua doutrina foi elaborada na Bretanha e, de lá, pensa-se, foi trazida para a Gália, sendo que, ainda hoje, a maioria daqueles que querem melhor conhecer essa doutrina partem para lá a fim de a aprender.
- Os druidas têm por costume não ir à guerra e não pagar impostos, como o resto dos gauleses, estando isentos de serviço militar e livres de qualquer espécie de obrigação.
- Impulsionados por tão grandes vantagens, muitos vêm por sua própria vontade para se confiarem ao seu ensinamento, e muitos são enviados pelos seus pais e parentes.
- Diz-se que aprendem de cor um grandíssimo número de versos, e alguns permanecem vinte anos na sua escola.
- São de opinião que a religião proíbe confiar essa doutrina à escrita, ao contrário de tudo o resto, como as contas públicas e privadas, para as quais utilizam o alfabeto grego.
- Parece que estabeleceram este uso por duas razões: para não divulgarem a sua doutrina ao povo e para que aqueles que aprendem não negligenciem a memória, confiando na escrita, visto que a ajuda dos textos resulta, na maioria das vezes, em menor aplicação para aprender de cor e menor memória.
- O que eles procuram sobretudo persuadir é que as almas não perecem, mas passam, após a morte, de um corpo para outro, o que lhes parece particularmente apto a excitar a coragem, eliminando o medo da morte.
- Discutem também longamente sobre os astros e os seus movimentos, a grandeza do mundo e da Terra, a natureza das coisas, o poder e a autoridade dos deuses imortais, e transmitem estas especulações à juventude.
2. Diodoro de Sícília ( Histoires V, 31, 2-5)
- Existem entre eles poetas líricos que chamam bardos, os quais acompanham os seus cantos com instrumentos semelhantes a liras, sendo estes cantos hinos ou sátiras.
- Existem também filósofos e teólogos, a quem são prestadas as maiores honras e que se chamam druidas.
- Além disso, utilizam adivinhos, aos quais concedem grande autoridade e que predizem o futuro pela observação das aves e pela imolação das vítimas, mantendo toda a população na sua dependência.
- Quando consultam os presságios para grandes interesses, seguem sobretudo um rito bizarro e inacreditável: após consagrarem um homem, atingem-no com uma espada de combate na região acima do diafragma, e, quando a vítima cai sob o golpe, adivinham o futuro pela forma como ela caiu, pela agitação dos membros e pelo escoamento do sangue, o que constitui um género de observação antigo, há muito praticado e no qual têm fé.
- O costume entre eles é que ninguém sacrifique sem a assistência de um filósofo, pois creem que devem usar o intermediário destes homens, que conhecem a natureza dos deuses e falam a sua língua, para lhes oferecer sacrifícios de ação de graças e implorar os seus benefícios.
- Não só nas necessidades da paz, mas também e sobretudo nas guerras, confia-se nestes filósofos e poetas cantantes, tanto amigos como inimigos.
- Muitas vezes, nos campos de batalha, no momento em que os exércitos se aproximam, com as espadas nuas e as lanças em riste, estes bardos avançam para o meio dos adversários e acalmam-nos, como se faz com as feras selvagens por meio de encantamentos, demonstrando que, mesmo entre os bárbaros mais selvagens, a paixão cede à sabedoria e Ares respeita as Musas.
3. Estrabão ( Géographie IV, 4)
- Em todos os povos gauleses, de um modo geral, três classes gozam de honras excepcionais: os Bardos, os Vates e os Druidas.
- Os bardos são cantores sagrados e poetas, os vates assumem os ofícios sagrados e praticam as ciências da natureza, e os druidas dedicam-se à parte moral da filosofia.
- Estes últimos são considerados os mais justos dos homens e, por isso, é-lhes confiado o cuidado de julgar os diferendos privados e públicos.
- Antigamente, chegavam a arbitrar guerras e podiam deter os combatentes no momento em que se preparavam para formar a linha de batalha, mas confiava-se-lhes sobretudo o julgamento das questões de homicídio.
- Quando há abundância de homicídios, consideram que é um sinal de abundância prometida ao seu país.
- Afirmam, e outros com eles, que as almas e o universo são indestrutíveis, mas que um dia o fogo e a água prevalecerão sobre eles.
4. Pomponius Mela ( De Chorographia III, 2, 18)
- Ainda subsistem vestígios de uma selvajaria abolida, e, embora se abstenham de massacres extremos, não deixam de tirar sangue das vítimas conduzidas aos altares.
- Possuem, no entanto, a sua própria espécie de eloquência e mestres de sabedoria chamados druidas.
- Afirmam conhecer a grandeza da Terra e do mundo e o que querem os deuses.
- Ensinam muitas coisas aos nobres da Gália, em segredo, durante vinte anos, seja em cavernas, seja em bosques retirados.
- Uma das suas doutrinas difundiu-se entre o povo, a saber, que as almas são imortais e que há outra vida entre os mortos, o que os torna mais corajosos na guerra.
- Por esta razão, queimam ou enterram com os seus mortos tudo o que é necessário para a vida; outrora, chegavam a remeter para o outro mundo o regulamento de assuntos e o pagamento de dívidas.
- Havia mesmo quem se atirasse para a fogueira dos seus entes queridos, como se fossem viver com eles.
5. Lucano ( De Bello Civili I, 454-462)
- Segundo os druidas, as sombras não atingem a silenciosa morada do Érebo e os pálidos reinos de Dis Pater, mas o mesmo espírito governa um corpo noutro mundo.
- Se o que cantam é verdadeiro, a morte é o meio de uma longa vida.
- Certamente, os povos que olham para a Ursa Maior são felizes no seu erro, porque o medo da morte, o maior dos medos, não os perturba.
- Daí, nos seus guerreiros, um coração pronto a atirar-se sobre o ferro e essa alma que sabe morrer, porque é vergonhoso poupar uma vida que deve regressar.
6. Plínio, o Velho ( Historia Naturalis XVI, 249 e XXX, 13)
- Não se deve esquecer, nestas coisas, a veneração dos gauleses, sendo que os druidas, pois é assim que chamam aos seus magos, não têm nada de mais sagrado do que o visco e a árvore que o transporta, supondo sempre que essa árvore é um carvalho.
- Apenas por causa desta árvore, escolhem florestas de carvalhos e não realizam qualquer rito sem a presença de um ramo desta árvore, de tal modo que parece possível que os druidas tirem o seu nome do grego.
- Pensam que tudo o que cresce nesta árvore é enviado pelo céu, sendo um sinal da escolha da árvore pelo próprio deus.
- É raro encontrar visco, mas, quando é encontrado, é colhido numa grande cerimónia religiosa, no sexto dia da Lua, pois é pela Lua que regulam os seus meses, anos e também os seus séculos de trinta anos, sendo este dia escolhido porque a Lua já tem uma força considerável sem estar ainda a meio do seu curso.
- Chamavam ao visco um nome que significa "aquele que cura tudo".
- Após terem preparado ritualmente o sacrifício e um festim debaixo da árvore, traziam dois touros brancos, cujos cornos eram atados pela primeira vez.
- Vestido com uma roupa branca, o sacerdote subia à árvore e cortava o visco com uma foice de ouro, sendo recolhido pelos outros num pano branco.
- Em seguida, imolavam as vítimas, rezando à divindade para que tornasse esta oferenda propícia àqueles por quem era oferecida.
- Acreditam que o visco, tomado como bebida, dá a fecundidade aos animais estéreis e constitui um remédio contra todos os venenos, sendo este o comportamento religioso de um grande número de povos em relação a coisas insignificantes.
- A magia foi mestra na Gália, e isso mesmo até uma época da qual ainda nos lembramos, pois foi no tempo do imperador Tibério que um senatus-consulto aboliu os druidas e toda a raça dos vates e dos médicos.
- Hoje em dia, a Bretanha está ainda sob o domínio da magia e realiza os seus ritos com tanta solenidade que pareceria que foi ela que levou o culto aos persas.
- É assim que os povos de todo o mundo concordam num mesmo ponto, embora sejam diferentes e se ignorem.
- Não se pode agradecer o suficiente aos romanos por terem suprimido esses cultos monstruosos, nos quais matar um homem era um gesto de grande devoção e comer a sua carne uma ação benéfica.
7. Timagenes em Amiano Marcelino (XV, 9)
- Não obstante, o estudo das ciências dignas de estima, iniciado pelos bardos, vates e druidas, foi conduzido por homens cultos.
- Os bardos cantaram, ao doce som da lira, compondo versos heroicos sobre os feitos dos mais valentes.
- Os vates esforçaram-se, pela sua pesquisa, por aceder aos acontecimentos e aos segredos mais altos da natureza.
- Entre eles, os druidas superam-nos pelo seu génio, tal como a autoridade de Pitágoras o decidiu.
III. As Subdivisões da Classe Sacerdotal Celta
- César, o testemunho mais antigo e mais importante, distingue três classes na sociedade gaulesa: druides, equites e plebs, mas considera apenas duas, as que nomeia druides e equites.
- É evidente que os druides representam a classe sacerdotal e os equites (cavaleiros) a classe militar, sendo a plebs para César, indistintamente, todo o resto: agricultores, artesãos e escravos.
- A afirmação de d'Arbois de Jubainville, de que César mencionava sob o nome de druidas apenas uma parte da classe letrada gaulesa, está errada, pois a expressão "classe letrada" é incorreta e César incluiu os três elementos da classe sacerdotal numa definição geral.
- As atribuições dos druidas, segundo César, abrangem a religião (crenças, sacrifícios, cultos), a justiça (direito público e privado) e o ensino e transmissão do saber tradicional.
- Recusam o uso da escrita para a sua doutrina, mas admitem-na (em carateres gregos) para os assuntos públicos e privados.
- Ensinam a imortalidade da alma e dedicam-se a vastas especulações teológicas e científicas relativas à natureza dos deuses, à astronomia e à física.
- Ao contrário de César, Diodoro de Sícília, Estrabão e outros escritores antigos não opõem solidariamente toda a classe sacerdotal ao resto da sociedade, mas descrevem as suas subdivisões internas (que, aliás, não compreenderam).
1. Segundo Diodoro de Sícília
- Bardos: cantam hinos ou sátiras, acompanhando-se com a harpa (lira).
- Filósofos e Teólogos (druides): recebem as maiores honras, ocupam-se dos sacrifícios e servem de intermediários entre os homens e os deuses; juntamente com os bardos, acalmam os exércitos prontos a combater; desprezam a morte e ensinam a imortalidade da alma.
- Adivinhos: têm grande autoridade e mantêm toda a população na sua dependência; praticam a adivinhação e a arte augural por meio da ornitomancia ou de sacrifícios humanos (em latim, praticam o augurium e a haruspicina).
2. Segundo Estrabão
- Bardos: cantores de hinos e poetas.
- Vates: sacrificadores e intérpretes da natureza.
- Druidas: estudam a ciência da natureza e a filosofia moral; administram a justiça e servem de árbitros nas guerras; ensinam a imortalidade da alma e professam que um dia reinarão apenas a água e o fogo.
3. Segundo Pomponius Mela
- Os gauleses em geral são eloquentes.
- Os druidas são mestres de moral, conhecendo: a grandeza da Terra e do mundo, os movimentos dos astros e todas as vontades dos deuses.
4. Segundo Amiano Marcelino
- Bardos: celebravam as grandes ações por meio de cantos heroicos.
- Eubages: estudavam os mistérios da natureza.
- Druidas (acima deles): faziam parte de comunidades cujos estatutos a influência de Pitágoras fixara; estudavam as questões ocultas; declaravam que as almas são imortais.
5. Conclusão sobre as Subdivisões
- É legítimo distinguir, na classe sacerdotal céltica, três subdivisões internas, fundamentais, que César designa globalmente pelo nome geral de druides: druides, bardos e vates (ou adivinhos).
- Cada uma destas subdivisões internas corresponde a uma especialização funcional:
| DRUIDA | BARDO | VATE | |
|---|---|---|---|
| César | druida: religião, justiça, ensino | ||
| Diodoro | druida, filósofo, teólogo: religião; bardo ou filósofo: arbitragem; ensinam imortalidade da alma | bardo: louvor, sátira, arbitragem | adivinho: adivinhação, arte augural, sacrifício |
| Estrabão | druida: ciência da natureza, filosofia, justiça; ensinam imortalidade da alma | bardo: canto, poesia | vate: sacrifício, interpretação da natureza |
- Existe um certo flou, pois Estrabão e Diodoro atribuem o sacrifício ao vate, quando também deveria ser da alçada do druida, e Diodoro chama bardos aos druidas que servem de árbitros entre dois exércitos inimigos.
- Estes factos não são sinal de um erro grave, mas sim de uma grande flexibilidade de classificação e de uma homogeneidade funcional, visto que o bardo e o vate são efetivamente e realmente druidas.
- Os seus nomes designam especializações funcionais opostas e subordinadas a uma denominação geral a que têm direito, independentemente das suas funções e do seu lugar na hierarquia.
IV. Parentesco Intelectual e Confusão Terminológica
- Dois textos, menores e tardios, atribuem aos druidas uma estreita afinidade intelectual com Pitágoras, conferindo-lhes um prestígio que não seria de esperar após os decretos de Tibério e Cláudio.
1. Hipólito ( Philosophumena I, XXV)
- Os druidas dos Celtas estudaram assiduamente a filosofia de Pitágoras, sendo incitados a este estudo por Zalmoxis, o escravo de Pitágoras, trácio de nascimento, que veio para estas regiões após a morte de Pitágoras e lhes forneceu a oportunidade de estudar o sistema filosófico.
- Os Celtas acreditam nos seus druidas como videntes e profetas porque podem predizer certos acontecimentos pelo cálculo e aritmética dos pitagóricos.
- Os druidas também praticam as artes plásticas.
2. Clemente de Alexandria ( Stromata I, XV, 71, 3sqq.)
- Alexandre, no seu livro sobre os símbolos pitagóricos, expõe que Pitágoras foi um aluno de Nazaratus, o Assírio, e afirma, além disso, que Pitágoras foi um ouvinte dos Gálatas e dos Brâmanes.
- A filosofia, que é uma ciência da mais alta utilidade, floresceu na antiguidade entre os bárbaros, espalhando a sua luz pelas nações, e chegou depois à Grécia; no primeiro plano, estão os profetas dos Egípcios, os Caldeus entre os Assírios, e os druidas entre os Gauleses, os Samaneus entre os Bactrianos, os filósofos dos Celtas e os magos dos Persas.
3. Notas sobre a Relação com Pitágoras
- Estes textos do século III contêm generalidades próximas da lenda e não provas, sendo já comentários eruditos, pouco exatos, que falam dos druidas no passado.
- As relações destes com Pitágoras ou Zalmoxis não estão historicamente atestadas e são, no máximo, o facto de individualidades isoladas.
- Os filósofos gregos sentiram que existia ali uma doutrina cuja compreensão lhes escapava, ou melhor, uma tradição e um saber que não podiam incluir em nenhum dos sistemas de pensamento a que estavam habituados.
4. Confusão Terminológica
- A flexibilidade de denominação resultou frequentemente em confusão nos estudos modernos, o que leva a considerar os nomes antigos dos druidas, traduzidos em latim ou grego por termos que designam o sacerdócio, uma função sacerdotal ou uma capacidade mágica.
- O primeiro exemplo é em César, que, ao se referir a um conflito eleitoral entre os Éduos, utiliza o vocábulo latino sacerdos (padre) para designar aqueles que nomearam Convictolitavis à magistratura vaga por costume da cidade, sendo que estes sacerdotes só poderiam ter sido druidas.
- Outro exemplo instrutivo está na abertura da descrição da colheita do visco por Plínio, o Velho: "Não se deve esquecer nestas coisas a veneração dos gauleses (Galliarum admiratio). Os druidas (druidae), pois é assim que chamam aos seus magos (ita suos appellant magos), não têm nada de mais sagrado do que o visco e a árvore que o transporta."
- Os termos Gauleses, druidas e magos são, neste caso, sinônimos díspares que designam indistintamente os membros da classe sacerdotal, ou seja, os sacerdotes.
- Esta justaposição prova o quão vagas eram as noções de Plínio ou quão grande era o seu desprezo por tudo o que dizia respeito aos Celtas.
- A mesma situação ocorre na descrição do ouriço-do-mar fóssil, onde a frase "Os druidas dizem que este ovo é projetado no ar pelos assobios" (druidæ sibiles id dicunt in sublime jactari) é seguida por "E a astúcia industriosa dos magos é tal para esconder as suas fraudes" (Atque, ut est magorum sollertia occultandis fraudibus sagax), sendo o termo "mago", com a sua conotação pejorativa de "feiticeiro", empregado como sinónimo de "druida".
- É, portanto, necessário incluir no estudo dos factos religiosos relativos aos druidas, ou à classe sacerdotal céltica, todas estas terminologias.