VIDE: mundo sensível; aisthesis; coisa; Ding
Allard l'Olivier: L'illumination du coeur
Ser finito existente e composto de potência e de ato (v. ato-potência) na medida que é produzido pela Potência pura trabalhada pelo Ato puro, eis, no sistema aristotélico, a coisa sensível segundo as aparências, segundo ela levanta um «pretensão de existência». O ser absolutamente em ato e o ser absolutamente em potência estando postos, a coisa sensível está também perfeitamente realizada tanto quanto pode ao termo de um processo de expansão de um conjunto de possibilidades que vêm da Potência pura e que se encontram realizados. A coisa sensível é um composto de potência e de ato, sem ser nem Potência pura nem Ato puro, mas ela existe porque, nascida do encontro destes dois ela adere: essência lato sensu porque ela adere à Potência Pura, porém dotada de existência porque ela adere ao Ato puro.
Ananda Coomaraswamy: Tempo e Eternidade
Las palabras «real» y «cosa» ( en inglés «thing» ) tienen un interés suyo propio. «Real» se relaciona con el latín res, y probablemente reor, «pensar», «estimar»; y «cosa » ( «thing» ) se relaciona con «pensar» ( «think», en alemán «denken» ). Esto implicaría que a las apariencias se les dota de realidad y de una quasi-permanencia en la medida en que nosotros las nombramos; y esto tiene una íntima incidencia en la naturaleza del lenguaje mismo, cuya aplicación primaria es siempre a las cosas concretas, de manera que nosotros debemos recurrir a términos negativos ( vía negativa ) cuando tenemos que hablar de una realidad última que no es ninguna cosa. Que una «cosa» es una apariencia a la que se da un nombre, es precisamente lo que implica la expresión sánscrita y pali nama-rupa ( nombre, o idea, y fenómeno, o cuerpo ), cuya referencia es a todos los objetos dimensionados, a todas las individualidades responsables susceptibles de investigación estadística; y eso que es finalmente el ser real, hablando propiamente, es «sin nombre». «El nombre-y-apariencia, en combinación con la consciencia, sólo han de encontrarse donde hay nacimiento y vejez y muerte, o decrecimiento y crecimiento, sólo donde hay significación, interpretación, y cognición, sólo donde hay una moción que implica una cognicibilidad como tal o cual» ( D. 2.63 ).
William Chittick: Sufi Path to Knowledge
A coisa é:
«Um dos mais indefinidos dos indefinidos», posto que pode se aplicar ao que quer que seja, existente ou não-existente...
As «coisas existentes» são criaturas no cosmos (embora nunca cessando de ser objetos não-existentes do conhecimento de Deus). As «coisas não-existentes» são objetos de conhecimento, também chamados de «entidades imutáveis».
Marcia Sá Cavalcante Schuback: Excertos de "Para ler os medievais"
Transpondo o sentido de pertencimento dinâmico para o de relação entre doação integral e acolhimento dentro das possibilidades, pode-se então perceber de que maneira, para o espírito medieval, ser-coisa é ser uma modalidade de acolhimento da doação integral de deus. Isso explica por que, para o medieval, todas as coisas, da alma humana à pedra inanimada, são subjectum, são sujeitos. Não são sujeitos em sentido moderno de possuir consciência. São sujeitos no sentido de estarem lançadas ao seu próprio, pelo fundo comum, pela doação integral de deus. O modo como cada coisa está lançada ao seu próprio pode diferir, mas tudo já sempre acolheu, mais ou menos, a doação integral. Toda substancialidade possível das coisas é, em si mesma, secundária, ou seja, possui um fundo que está além do caráter de substância. O fundo é a doação integral de deus. O medieval entende, por conseguinte, que a substancialidade de uma pedra não se funda nela mesma, mas na doação integral de deus. Não que a pedra não seja pedra. O ser da pedra, com suas características próprias, únicas é apreendido desde uma estrutura de pertencimento como um modo singular de pertencer, participar, acolher. É por isso que, para os medievais, todas as coisas, mesmo as mais inanimadas, têm sempre chispa de alma e vida. Um dos inúmeros exemplos é o livro que apresenta o poder curativo das pedras de Hildegard de Bingen.