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Asas

SÍMBOLOS — ASAS



Roberto Pla:

Das asas majestosas da águia (Deuteronômio 32,11) ao adejo da pomba evangélica (Batismo de Jesus) a imagem se dulcifica, mas seu sentido real é o mesmo e a condição feminina do Espírito se mantém com ou sem a representação de pomba, mas com a mesma função dinâmica, poderosa, de dar a Vida a toda a ninhada que se acolhe sob suas asas.


O Espírito de Deus é o poder do Pai, uma das duas grandes asas preexistentes no Ser absoluto (a outra asa é a Glória, a asa de Luz que é própria do Filho). Sua obra consiste em dotar de Vida a tudo o que “recebe” sua presença, porque este é seu poder, sua força, a Vida única.

Isto quer que quando a alma, purificada de tudo o que nela é mortal — a palha — se decante até o ponto de ser só ela mesma, quer dizer, sua própria essência, então “conhece” esta essência como o espírito que qual semente de Deus — o grão — esteve sempre nela, embora ela, a alma, o ignorava.

Isso de “fazer-se uno” com o Espírito é a consumação. Quando o Espírito “vem”, chega como pomba que leva em seu bico o ramo de oliveira de onde extrairá o azeite de Vida para orvalhar com ele a cabeça (espírito) sobre a que se possa até que dele se impregne a totalidade do Ser.

O Cristo, o ungido, é sempre um consagrado na verdade, um “separado” para Deus, que já não é do mundo, ainda que esteja no mundo. O Cristo é Vida pelo Espírito e Consciência pela semente de Deus, a Palavra, que no homem foi semeada.

Por isso o regenerado (metanoia), o nascido do Espírito (Nascer do Alto), se ergue sobre as asas para alcançar a comunhão perfeita com o Pai: A Vida, que recebe do Espírito e pela qual se faz uno com ele; e o conhecimento, pelo qual a alma, a consciência, se descobre a si mesmo como idêntica a seu espírito, a sua semente de Deus, ou Ser essencial.

Quando se diz que o Espírito Santo levou ao Salvador “ao monte sublime do Tabor”, se explica o mesmo que contam os sinópticos quando dizem que “o Espírito o levou ao deserto”, e que logo, “o conduziu a uma altura (a cabeça, a “coroa”, de onde o Espírito está pousado), para lhe mostrar os reinos do mundo.

O que o Adversário ofereceu então foram o poder e a Glória segundo a medida terrena, do mundo, que ele domina. Mas o poder verdadeiro (a Vida), e a Glória (a Luz, a sabedoria), não vêm do mundo, pois são do Pai, e descem, vêm, como se fossem duas asas preexistentes do Espírito de Deus.

Dessas duas asas que o conferem ao Espírito de Deus seu voo de maternidade, uma é a Vida, e a outra é a Sabedoria (a Luz), pois é nela — nesta última — na qual o Filho de Deus, o Filho divino, feito Pensamento de Deus, “cavalga” quando vai sobre o Espírito. Dotado destas duas asas, o Espírito é conjuntamente Vida e Consciência (poder e Glória), na Vontade do Pai.