VIDE: ORIENTE-OCIDENTE; LESTE-OESTE
Henry Corbin: AVICENA E O RELATO VISIONÁRIO
Esta região situa a «esquerda» do cosmos; sabemos agora que compreende o conjunto do ser e dos seres comportando uma matéria. Ela é percebida sob um triplo aspecto; o Extremo-Ocidente do não-ser, não do puro nada, mas da privação de ser, da virtualidade pura, percebida como o Mar quente coberto de Trevas até o qual alcançou a campanha de Alexandre o Magno; o Ocidente terrestre, onde as Formas emigradas e exiladas na Matéria se livram a amargos combates; o Ocidente celeste, que compreende todos os sistema das Esferas, e cuja matéria é de uma condição outra que aquela do Ocidente terrestre: sutil, diáfana, incorruptível, «gloriosa» em relação a nossa. Também nenhum combate aí se dá; no entanto as Animae coelestes aí são, elas também, «estrangeiras». Cabe lembrar que a matéria celeste das Esferas procede do pensamento do Anjo meditando seu virtual não-ser, o possível puro que guarda seu ser. Em termos de Sohrawardi ela é a «tristeza» do Anjo, mas é ela também que oferece à Alma celeste o meio de satisfazer a sua nostalgia, de se aproximar da perfeição que ela ainda não tem.
Não cabe insistir que sobre um aspecto particular deste Ocidente celeste. O § XVI do Relato de Hayy ibn Yaqzan esboça uma antropologia planetária, uma fisiognomonia e uma caracterologia que estão de acordo com as pressuposições da Astrologia e das ciências que aí se associam.