Carregando...
 
Skip to main content
id da página: 7071 Baader Fermenta Cognitionis 1.2 Franz von Baader

Baader Fermenta Cognitionis 1.2


Excertos da tradução francesa de Eugène Susini

§2

O espírito que se desviou de Deus (da unidade enquanto «unidadeprincípiocentro»), que saiu desta unidade para viver nele mesmo, não pode mais, como já fiz notar em minha obra «sobre a força da adivinhação e da crença», senão separar em confundindo em lugar de distinguir em unindo, e confundir separando em lugar de unir em distinguindo. Desde então este espírito, que é aquele próprio à criatura, não poderá mais antes de tudo unir Deus em distinguindo ou distinguir em unindo enquanto que é revelado e não revelado, enquanto é em si e que se torna por e na natureza e criatura (Deus est in se, fit en creaturis), e da mesma forma todo ateísmo (teórico e prático) decorre de uma falsa unificação deste gênero (que é uma confusão) ou de uma falsa distinção (que é uma separação). Ora a criatura tem o direito é verdade de se representar Deus na medida que ele não é expresso e que ele existe em seu mistério silencioso, parecido para ela a este estado de inocência primeira onde ela se encontraria antes de ter escolhido no sentido do bem ou do mal; mas assim fazendo ela deverá se guardar do erro ao qual sua natureza poderia induzi-la e que consistiria a crer que a saída constante (e reentrada) de Deus, o fato de abandonar seu mistério para se revelar (o fato para este Deus silencioso de se manifestar pelo Verbo), deve necessariamente passar pela mesma provação de tentação fortificante, tentação que necessita a bem dizer da parte da criatura não uma saída dela mesma idêntica mas análoga àquela de Deus. Eis aí uma ilusão muito antiga que veio à luz, por exemplo, na forma mais velha do panteísmo, quero dizer aquele da Índia, a doutrina de um Deus que decai dele mesmo e aquela de sua penitência, de sua justificação, etc,

Em nossa época, parece não se notar de uma maneira suficientemente clara que o erro fundamental do panteísmo consiste verdadeiramente na confusão de um Deus existente em si e enquanto tal, posto acima da natureza, e de sua revelação ou de sua expressão por intermédio desta natureza (eterna a princípio, em seguida igualmente temporal); é porque esta impossibilidade de distinguir inerente ao Deus não revelado, ou este caráter que nele está, transferiu-se imediatamente a sua revelação eterna (e temporal) enquanto que esta, tanto que se pode apreender, tem por caráter essencial a faculdade de separar e de distinguir. «Se desejasse falar a vossa maneira (disse J. Boehme em sua segunda defesa contra B. Tilken, §1407) e dizer que Deus está em tudo e que por toda parte tem todos os poderes, o que é efetivamente o caso, me necessitaria dizer que Deus é tudo. Ele é Deus, é céu e inferno, e é igualmente universo exterior, por toda coisa tem raiz dele e nele. Mas que há de bom em tal linguagem que não é aquela da religião? Uma tal religião acolheu nela o diabo e ele quis ser revelado igual a Deus em toda coisa e ter em tudo todo poder. » A princípio, e sempre no mesmo sentido, J. Boehme toma partido contra Stiefel e Meth que aplicavam este mesmo ponto de vista panteísta ao homem identificado inteiramente com o Cristo como se pode demonstrá-lo em vários místicos de uma maneira clara ou confusa, e ele disse: «Eis aí sua convicção e o fundo de seu pensamento inteiro que não é ele que quer, faz, diz, pensa ou projeta qualquer coisa, mas que é Deus que por Jesus Cristo é toda coisa nele, a vontade, a ação, a palavra, o pensamento, a procriação, o beber, o comer, o sono, o estado de vigília, etc. ; e isto se pode deduzi-lo quase claramente disto que diz do fato que nada quer distinguir; mas se toda coisa quer em tudo ser Deus por intermédio de Jesus Cristo, o que se pode de direito lhe contestar, que outras pessoas se guardam desta aparência enganosa e aprendam a se conhecer por dentro e por fora e conhecer o que é a criatura, o homem, Deus e o Cristo e não sem razão chamar Deus o mundo maldito