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Ciências Sagradas

TRADIÇÃO — CIÊNCIAS SAGRADAS


VIDE: ALQUIMIA; ASTROLOGIA; ESOTERISMO; MAGIA; TEURGIA


René Guénon: CIÊNCIA SAGRADA E CIÊNCIA PROFANA

Frequentemente, temos enfatizado o fato de que as “ciências sagradas” pertencem a uma forma Tradicional determinada da qual fazem realmente parte integrante, pelo menos a título de elementos secundários e determinados, longe de representar apenas agregações adventícias que se teriam ligado a ela de forma mais ou menos artificial. É indispensável compreender bem este ponto e nunca o perder de vista se se quiser penetrar, ainda que minimamente, no verdadeiro espírito de uma Tradição; e é tanto mais necessário chamar a atenção para isso quanto se constata com bastante frequência, nos nossos dias, entre aqueles que pretendem estudar as doutrinas Tradicionais, uma tendência para não levar em conta ciências como a que está em questão, seja em razão das dificuldades especiais que apresenta a sua assimilação, seja porque, além da impossibilidade de inseri-las no quadro das classificações modernas, sua presença é particularmente desagradável para quem se esforça em reduzir tudo a pontos de vista exotéricos e em interpretar as doutrinas em termos de “filosofia” ou “misticismo”. Sem querer nos alongarmos mais uma vez sobre a vaidade de tais estudos empreendidos “de fora” e com intenções inteiramente profanas, repetiremos ainda, já que vemos, por assim dizer, todos os dias a oportunidade para isso, que as concepções distorcidas às quais eles inevitavelmente conduzem são certamente piores do que a ignorância pura e simples.


Frithjof Schuon: O ESOTERISMO COMO PRINCÍPIO E COMO VIA

Ao contrário, não temos uma admiração ímpar pelas ciências tradicionais. Os antigos também possuíam curiosidade científica, operavam também com conjeturas e, qualquer que possa ter sido o seu sentido do simbolismo metafísico ou místico, às vezes — ou mesmo frequentemente —, enganaram-se sobre as áreas em que desejavam ter um conhecimento, não dos princípios transcendentes, mas dos fatos físicos. Em suma, é impossível negar que, no plano dos fenômenos, parte integrante, no entanto, das ciências naturais, os antigos — ou os orientais — tiveram concepções inadequadas ou as suas conclusões eram geralmente as mais ingênuas. Certamente, não os censuramos por terem acreditado que a Terra é plana e que o Sol e o firmamento giram em torno dela, uma vez que essa aparência é natural e providencial para o homem. Mas podemos censurá-los por determinadas conclusões erradas tiradas de certas aparências e com a ilusão de fazer, não simbolismo e especulação espiritual, mas ciência fenomenal ou exata, se quisermos. Entretanto, não se pode negar que a medicina aí está para curar, não para especular, e que os antigos ignoravam muitas coisas nessa área, apesar do seu grande saber em certos setores. Dito isto, estamos muito longe de contestar que a medicina tradicional tinha, e tem, a imensa vantagem de uma perspectiva que engloba o homem total; que era, e é, eficaz nos casos em que a medicina moderna é impotente; que a medicina moderna contribui para a degenerescência do gênero humano e para a superpopulação; que uma medicina absoluta não é nem possível nem desejável, e isso por razões evidentes. Mas que não venham nos dizer que a medicina tradicional é superior apenas por suas especulações cosmológicas e inexistência de determinados remédios eficazes, e que a medicina moderna, que possui esses remédios, não passa de um lamentável resíduo porque ignora as ditas especulações; ou que os médicos do Renascimento, tal como Paracelso, se enganaram ao descobrir os erros anatômicos e outros da medicina greco-árabe; ou, de maneira bem geral, que as ciências tradicionais são maravilhosas de todos os pontos de vista e que as ciências modernas, a química, por exemplo, não passam de fragmentos e de resquícios.


Jean-Louis Michon: LE SOUFI MAROCAIN AHMAD IBN AJIBA

A letra da lei, é a ciência exterior (al-ilm al-zahir), quer dizer a ciência tradicional, enquanto a ciência interior (al-ilm al-batin) é a ciência espontânea (mawhub: «dada» por Deus).

Pode-se dizer igualmente: a ciência exterior é o conhecimento da Sabedoria [divina: al-hikma] enquanto a ciência interior é o conhecimento do Poder [divino: al-qudra]; ou ainda: a ciência exterior é o conhecimento da natureza humana, enquanto a ciência interior é o conhecimento da natureza espiritual; ou ainda: a ciência exterior é o conhecimento do estado de servidão e a ciência interior o conhecimento do que pertence ao Senhor. A primeira é conhecimento dos textos, a segunda, conhecimento das experiências, pois o conhecimento do estado de senhoria é aquela da extinção e da permanência, da embriaguez e da lucidez, da visão sintética e da síntese das sínteses, etc. Esta ciência não se exprime por palavras; mas não se pode senão sugeri-la por alusões porque sua natureza é «gustativa», não mental...