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id da página: 8022 IMAGINAÇÃO – IMAGINAÇÃO ATIVA – IMAGINAÇÃO CRIATIVA

imaginatio activa

IMAGINAÇÃO — IMAGINAÇÃO ATIVA



Henry Corbin: O HOMEM E SEU ANJO

Segundo Roger Munier, referindo-se à obra de Henry Corbin, foi Molla Sadra Shirazi, que viveu no século XVII (morrendo justamente no início do cartesianismo na Europa, em 1640), o iniciador da teoria da «Imaginação Ativa».

Segundo Molla Sadra, a Imaginação é uma faculdade humana transcendente, sensível e não sensível, ou de preferência cuja essência consiste em escapar justamente a esta dicotomia, «de certo modo o corpo sutil, o veículo sutil da alma». Logo se nos atemos a nossos esquemas, diremos que a ordem que lhe corresponde é intermediária entre o sensível e o inteligível. Não é em nada o mundo imaginário, tal qual temos costume de ouvir no Ocidente, pois o imaginário é irreal, mas um mundo verdadeiro, aquele da realidade plena, e que Corbin, por esta razão, qualifica de imaginal: mundus imaginalis, alam al-mithal. Este seria, sempre segundo nossos esquemas, como um terceiro estado do real, onde todas as forças físicas e psíquicas se reúnem, o elemento mesmo de sua conjunção, o «meio», em todos os sentidos do termo, de sua irradiação prévia.

[...] Trataremos de poner de manifiesto en qué sentido esa Imaginación es creadora: Lo es por ser esencialmente Imaginación activa y porque esa actividad la cualifica esencialmente como Imaginación teofánica. Asume una función sin par, tan insólita respecto a los inofensivos o peyorativos contenidos que con frecuencia atribuimos a la palabra «imaginación», que habríamos preferido recurrir a un neologismo, y hasta hemos pensado en utilizar el término Imaginatrice.2 Éste es quizá el momento de prevenir una posible duda: cabría pensar que la espiritualidad y la experiencia mística tienden a un despojamiento de imágenes, a la renuncia a toda representación de formas y figuras. En efecto, hay maestros que han excluido tenaz e implacablemente toda la representación imaginativa, toda intervención de las imágenes. Por el contrario, lo que aquí se propone es una excepcional valoración de la imagen y de la Imaginación en la experiencia espiritual. Las razones estructurales internas irán apareciendo en la secuencia de los temas, pero pueden presentirse ya en la afirmación del mundo intermedio y de su consistencia ontológica. Ahora bien, esta afirmación se rodea de otros motivos para cuyo análisis no había lugar en este texto y que, sin embargo, es preciso suponer mínimamente conocidos. (HCIbnArabi)

Corpo Espiritual e Terra Celeste: PRELÚDIO

A Imaginação ativa produzirá não alguma construção arbitrária, seja lírica, se interpondo diante do «real», mas funcionará diretamente como faculdade e órgão de conhecimento tão real, senão mais, que os órgãos dos sentidos. Mas ela perceberá a sua maneira própria: seu órgão, não é uma faculdade sensível, é uma Forma imaginal que ela possui desde a origem, sem ter tido de derivá-la de alguma percepção exterior. E o próprio desta Forma imaginal será justamente de operar a transmutação dos dados sensíveis, sua resolução na pureza do mundo sutil, para restituí-los em símbolos a descifrar, e cujo «código» é o próprio código da alma. Esta percepção pela Imaginação equivale portanto a uma «desmaterialização»; ela muda em um puro espelho, em uma transparência espiritual, o dado físico imposto aos sentidos; é então que levada à incandescência, a Terra, e as coisas e os seres da Terra, deixam transparecer à intuição visionária a aparição de seus Anjos. A autenticidade do Evento e sua realidade plena consistem então essencialmente neste ato visionário e na aparição que é dada neste ato. E é esse o sentido profundo disto que a história dos dogmas chamou docetismo, e sobre o qual a rotina repetiu incansavelmente as mesmas condenações.

Assim se constitui este mundo intermediário, intermundo das Formas imaginais (que não se deve confundir com o mundo das Ideias-arquétipos de Platão), e que é reservado à Imaginação ativa apreender. Esta Imaginação não constrói o irreal, ela desvela o real oculto; sua ação é em suma aquela do tawil, a exegese espiritual praticada por todos os Espirituais do Islã e cuja meditação alquímica é um caso privilegiado: ocultar o aparente, manifestar o oculto. É o mundo intermediário, este intermundo, que meditaram incansavelmente aqueles que se chama os orafa, os gnósticos místicos, a gnose se entendendo aqui desta percepção que apreende o objeto não em uma pseudo-objetividade, mas como índice, significância, anúncio que é finalmente anunciação da alma a ela mesma.


Daryush Shayegan: HENRY CORBIN
A imaginação ativa vai dar à alma um poder de criatividade, de configuração (taswir) e de tipificação (tamthil). Mas esta criatividade da alma faz de sorte que esta tem a faculdade de antecipar as visões escatológicas. A visão do outro-mundo pode ter lugar seja nesta existência mesma em virtude das experiências místicas graças às quais a alma antecipa às visões escatológicas, seja quando a alma ascende, pela ressurreição menor que é a morte, aos intermundos post-mortem. Qualquer que seja o princípio — que seja neste mundo aqui ou no outro-mundo — é o mesmo: a alma reproduz, configura seu mundo.