VIDE: direita esquerda, direções do espaço
La orientación es un fenómeno primario de nuestra presencia en el mundo. Lo propio de la presencia humana es espacializar un mundo a su alrededor, y este fenómeno implica una cierta relación del hombre con el mundo, con su mundo, de tal manera que esa relación está determinada por el modo mismo de su presencia en el mundo. Los cuatro puntos cardinales, este y oeste, norte y sur, no son cosas que esta presencia encuentre, sino direcciones que expresan su sentido, la aclimatación a su mundo, su familiaridad con él. Tener este sentido es orientarse en el mundo. Las líneas imaginarias de oriente a occidente, de septentrión a mediodía, forman una red de evidencias espaciales a priori, sin las que no habría orientación geográfica ni antropológica. Los contrastes entre el oriental y el occidental, entre el hombre del norte y el del sur, regulan también nuestras clasificaciones ideológicas y caracterológicas.
La organización, el plan, de toda esta red depende, desde tiempos que desbordan la memoria de los hombres, de un punto único: el punto de orientación, el norte celeste, la estrella polar. ¿Basta decir entonces que la espacialización desarrollada horizontalmente hacia los cuatro puntos cardinales se completa con la dimensión vertical de arriba abajo, del nadir al cenit? ¿No habrá quizá diferentes modos de percepción de esta misma dimensión vertical, tan diferentes entre sí que modifiquen la orientación de la presencia humana no sólo en el espacio sino también en el tiempo? La orientación en el tiempo nos remite a las diferentes maneras en que el hombre experimenta su presencia en la tierra, a la continuidad de esa presencia en algo así como una historia y al problema de si esa historia tiene un sentido; pero, en caso afirmativo, ¿cuál es ese sentido? Ello equivale a preguntarse si la percepción del polo celeste, de la dimensión vertical que apunta al norte cósmico, es un fenómeno uniforme, fisiológicamente regulado por leyes constantes, o si se trata de un fenómeno no regulado y diversificado por el modo mismo de la presencia humana que se orienta. De ahí, entonces, la importancia primordial del norte y del concepto de norte: según la manera en que el hombre experimente interiormente la dimensión «vertical» de su presencia, adquirirán su sentido las dimensiones horizontales.
Uno de los leitmotiv de la literatura del sufismo iranio es la «búsqueda de Oriente»; pero se nos advierte, por si acaso no lo comprendemos desde el primer momento, que se trata de un Oriente que no se encuentra en nuestros mapas geográficos ni puede ser situado en ellos. Este Oriente no está incluido en ninguno de los siete climas (los keshvar); es, de hecho, el octavo clima. Y la dirección en la que este «octavo clima» debe ser buscado no está en la horizontal sino en la vertical. Ese Oriente místico suprasensible, lugar del Origen y el Retorno, objeto de la búsqueda eterna, está en el polo celeste; es el polo, un extremo norte, tan extremo como el umbral de la dimensión del «más allá». Por eso se revela sólo en un determinado modo de presencia en el mundo, y no puede revelarse más que por ese modo de presencia. Hay algunos a los que no se revelará nunca. Ese modo de presencia es precisamente lo que caracteriza el modo de ser del sufí, tanto de su persona como de toda la familia espiritual a la que se vincula el sufismo, y especialmente el sufismo iranio. El Oriente que busca el místico, Oriente no situable en nuestros mapas, está en dirección norte, más allá del norte. Sólo una marcha ascendente puede acercar a ese norte cósmico, elegido como punto de orientación. (Corbin Homem Luz)
Na época primordial, o homem era em si mesmo perfeitamente equilibrado quanto ao complementarismo do yin e do yang. Por outro lado, ele era yin ou passivo em relação só ao Princípio e yang ou ativo em relação ao Cosmos ou ao conjunto das coisas manifestadas. Voltava-se, portanto, naturalmente para o Norte, que é yin1
, como na direção de seu próprio complementar. Ao contrário, o homem das épocas posteriores, em consequência da degenerescência espiritual que corresponde à marcha descendente do ciclo, tornou-se yin em relação ao Cosmos; deve, portanto, voltar-se para o Sul, que é yang, para assim receber as influências do princípio complementar daquele que se tornou predominante nele e restabelecer, na medida do possível, o equilíbrio entre o yin e o yang. A primeira dessas duas orientações pode ser dita "polar", enquanto a segunda é propriamente "solar": no primeiro caso, o homem, olhando a Estrela Polar ou a "cumeeira do Céu", tem o leste à sua direita e o oeste à esquerda; no segundo caso, olhando o Sol no meridiano, tem, ao contrário, o leste à esquerda e o oeste à direita; e isso explica uma particularidade que, na tradição extremo-oriental, pode parecer bastante estranha àqueles que não conhecem a sua razão2
.
Na China, de fato, o lado a que em geral se atribui a preeminência é o esquerdo; dizemos geralmente, pois isso não foi constantemente assim em todo o curso da história. Na época do historiador Sseu-ma-tsien, isto é, no século II antes da era cristã, a direita parece ter, ao contrário, suplantado a esquerda, pelo menos no que concerne à hierarquia das funções oficiais3 ; parece que houve então, pelo menos desse ponto de vista, como uma espécie de tentativa de "retorno às origens", que deve ter correspondido, talvez, a uma mudança de dinastia, pois tais mudanças na ordem humana tradicionalmente são sempre postas em correspondência com algumas modificações da própria ordem cósmica4 . Mas, numa época mais antiga, embora com certeza muito afastada dos tempos primordiais, era a esquerda que predominava, como o indica especialmente essa passagem de Lao-tse: "Nos assuntos favoráveis (ou de bom augúrio), põe-se em cima a esquerda; nos assuntos funestos, põe-se em cima a direita"5 . Era dito também, pela mesma época: "A humanidade, é a direita; a Via, é a esquerda"6 , o que implica manifestamente uma inferioridade da direita em relação à esquerda; postas em relação uma com a outra, a esquerda correspondia então ao yang e a direita ao yin.
Assim, que isso seja de fato uma consequência direta da orientação tomada ao se voltar para o Sul é o que prova um tratado atribuído a Kouan-tseu, que teria vivido no século VII antes da era cristã, e no qual está dito: "A primavera faz nascer (os seres) à esquerda, o outono destrói à direita, o verão faz crescer antes, o inverno põe de parte depois." Ora, segundo a correspondência admitida em todas as partes entre as estações e os pontos cardeais, a primavera corresponde ao leste e o outono ao oeste, o verão ao sul e o inverno ao norte7 . É, portanto, exatamente o sul aqui que está antes e o norte depois, o leste à esquerda e o oeste à direita8 . Naturalmente, quando se toma, ao contrário, a orientação que se volta para o Norte, a correspondência da esquerda e da direita se inverte, do mesmo modo que a do antes e do depois. Mas, em última análise, o lado que tem a preeminência, seja a esquerda num caso ou a direita no outro, é sempre invariavelmente o lado do leste. Essencialmente isso é o que importa, pois vê-se por aí que, no fundo, a tradição extremo-oriental está perfeitamente de acordo com todas as outras doutrinas tradicionais, nas quais o Oriente é sempre considerado efetivamente como o "lado luminoso" (yang) e o Ocidente como o "lado escuro" (yin), um em relação ao outro. A mudança nas significações respectivas da direita e da esquerda, condicionada por uma modificação de orientação, é, em síntese, perfeitamente lógica e não implica, em absoluto, nenhuma contradição9 . [Excertos da tradução em português de Daniel Camarinha de "A GRANDE TRÍADE"]
NOTAS: