VIDE: NOÉ; DILÚVIO; TEVA; TRAVESSIA; CENTRO; CORAÇÃO; SANTO DOS SANTOS; SHEKINAH; TABERNÁCULO
René Guénon: «DICTIONNAIRE DE RENÉ GUÉNON»
A Arca da Aliança, que desempenhou o papel que se sabe no episódio bíblico do Dilúvio, é um suporte espiritual de primeira importância. Guénon aproxima a existência dos "Centros Espirituais" no Egito, na Grécia e em Creta, da função arquetípica da Arca da Aliança. Assim, ele nota que o nome da cidade de Tebas, apresenta uma identidade manifesta com o nome hebreu da Arca do Dilúvio: Thebah. Isto indica, segundo Guénon, que a Arca enquanto representação do "Centro Supremo", garante a conservação da Tradição em um período transitório, intervalo entre dois ciclos, marcado por um cataclismo destruindo o estado anterior do mundo para dar lugar a um novo. A este título, o papel do Noé bíblico é semelhante ao papel que desempenha na tradição hindu Satyavrata, cujos textos nos dizem que aparece em seguida sob o nome de Vaivaswata, ou seja o Manu da era atual. A princípio, se debruçando sobre o simbolismo da Arca, Guénon reproduz uma passagem da "Instrução dos Eleitos Coëns de 7 de janeiro de 1774", instrução dada por Martinès de Pasqually, na qual são estudadas as proporções da Arca, e onde é indicado que sela têm uma relação com a Criação Universal. Assim por suas dimensões de comprimento (300 codos), de largura (50 codos) e de altura (30 codos), pode-se aí reconhecer o número da Criação, o produto total sendo por outro lado aquele da confusão dos dois poderes antagonistas em lutas no seio da Manifestação, que trabalham um a mantê-la e, outro a conduzi-la para a Libertação. Constata-se igualmente que estas medidas estão em uma relação de proporção idêntica com as dimensões do Templo de Salomão o que, de certa maneira, indica o parentesco entre a Arca e o Santuário onde se encontrava alojado o Santo dos Santos.
Por fim, precisa Guénon, o que é muito digno de ser mostrado, que é a relação existente entre o simbolismo da Arca e aquele do arco-íris, que se encontra sugerido na Bíblia quando da aparição depois do Dilúvio do arco-íris em sinal de aliança entre Deus e os homens. Durante o cataclismo, explica Guénon, a Arca flutua sobre o Oceano das águas inferiores e, no momento do restabelecimento de todas as coisas no seio da ordem nova renovada, parece "na nuvem", quer dizer na região das águas superiores, o arco-íris. Se estabelece portanto ente a Arca e o arco-íris, uma relação de analogia, pois as duas figuras, por conta de sua inversão complementar (convexidade voltada para o alto para o arco-íris, convexidade voltada para baixo para a Arca), formam uma figura circular ou cíclica completa: uma Esfera cuja horizontalidade é representada pela muralha circular do Paraíso terrestre, igualmente nomeada o Ovo do Mundo.
LOCALIZAÇÃO DOS CENTROS ESPIRITUAIS — (v. ARCO-ÍRIS E ARCA)
Ramón Arola: O SIMBOLISMO DO TEMPLO — ARCA DA ALIANÇA