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Empedocles

FILOSOFIA ANTIGA — EMPÉDOCLES (484-424 aC)


VIDE: EMPÉDOCLES; MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS

Recomendo dois estudiosos sobre este pensador: Jean Bollack fez o trabalho acadêmico de maior erudição e extensão, sobre o pensamento de Empédocles, e, por outro lado Peter Kingsley desenvolveu reflexões de muita profundidade e intuição intelectual.


Pierre Gordon: COSMOGONIAS FILOSÓFICAS

Empédocles substituiu o Ser de Parmênides pelo Sphoerus, que se assemelha singularmente ao ovo do mundo: é o Uno, o estado de caos, com indivisão de todas as coisas, estas se reduzindo, além do mais, a quatro elementos. A separação e a organização se operam sob a influência do Amor, e de seu princípio correlativo, a Ira. — Permanecemos ainda muito próximos das antigas concepções ligadas às liturgia criativa. — Os quatro elementos, a princípio confundidos no Sphoerus, se cindem sob a ação da Ira (é esta que é assim responsável da violência, feita à indivisão inicial). Mas o Amor intervém, e se esforça por restabelecer o estado de indivisão. — De onde provêm os quatro elementos ou «raízes das coisas»? De onde saem o Amor e a Ira? Empédocles nada diz. Não nos enganamos sem dúvida vendo no antigo ritual de acoplamento e de separação como a fonte de suas ideias. Não esqueçamos que ele se considerava ele mesmo um deus: «Não sou mais um homem mortal, declara; já sou uma divindade imortal. A todos os meus passos o povo me cerca e me concede marcas de adoração. E milhares de discípulos me seguem, buscando aprender a melhor via. Uns implorando a visão do futuro, outros, sob o desespero de uma dor violenta, quereriam ouvir palavras de conforto e não mais sofre sua pena». Lidamos portanto com um Iniciado; ele se lembraria mesmo de suas encarnações sucessivas; foi, garante uma jovem, sarça, pássaro, peixe. Os ritos longínquos que se celebravam em sua época (século V aC), sob a forma de mistérios, não lhe eram estranhos.


Deverá ter-se em conta a presença de um fenômeno notável, que teve lugar simultaneamente nos dois extremos do esoterismo islâmico: o papel desempenhado pelo ensinamento de Empedokles, transfigurado em herói da teosofia profética. Asín Palacios sublinhou de modo particular a importância que teve este novo ressurgimento do pensamento de Empedokles na escola de Almería, na Andaluzia, ao mesmo tempo em que via nos discípulos de Ibn Masarra (319/931) os continuadores da gnose de Prisciliano. Simultaneamente, a influência de Empedokles fazia-se sentir no Irã, em um filósofo correspondente de Avicena, Abü’l-Hasan al-’Amirí, e nas cosmogonias de Sohravardí e do ismailismo.. (HCIbnArabi)