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Egito

Tradição — EGITO



Annick de Souzenelle: Excertos de «L'Egypte intérieure, ou, Les dix plaies de l'âme»

O Egito, Mitsraïm em hebraico, é essencialmente uma matriz de água (Maïm = águas) contendo um feto nela guardado, de consoante “Tsr” (que significa com efeito “estreito”). Oprimido mesmo nela, o feto-Israel não nascerá senão no sopro da exigência de YHWH que quer que este povo deixe o Egito “para lhe oferecer um culto”: para o conhecer. Esta terra do Egito é um dos grandes berços culturais da humanidade. Seu gênio se funda em Ham, terceiro filho de Noé, que descobriu os mistérios violando pelo olhar o interior da tenda onde se celebravam as núpcias de seu pai com Deus, “e indo contar ao exterior”. Noé acabava de sair da arca onde tinha assumido sua total completude. Ébrio do fruto da Árvore que que tinha assim se tornado, e ébrio do Conhecimento do qual sua seiva estava plena, estava no secreto de uma última matriz... Ham olhou. A magia se enraíza neste conhecimento e são aos magos que Faraó recorrerá face ao poder do qual Moisés, ele mesmo, será diretamente investido por Deus; nós o veremos.


Este conhecimento que Ham toma dos mistérios não é adquirida pela experiência interior das coisas divinas; não é integrada a sua pessoa; permanece objeto de cultura e constitui o humo do qual deverá se destacar a verticalização das árvores humanas.

A terra de escravidão é uma matriz para qual se verticaliza, um túmulo para quem dela se apega.

E o Egito glorificará seus túmulos!

Mas ele vai se fazer matriz para os hebreus.

Compreende-se então que, na linguagem bíblica, o Egito simboliza o mundo denominado “da Queda”, e Israel, aquele da realização fora do condicionamento da queda, de uma acessão à terra prometida”, terra interior, do qual Jerusalém é a gêmea no exterior, e na qual repousa o segredo do NOME, aquele de YHWH.


Richard Temple:

Quase todas as controvérsias religiosas derivam de nossa falha em compreender corretamente o lado interior de nós mesmos que pertence ao mundo além das aparências. Esta falta de compreensão nos leva a tomar literalmente certas descrições nos Evangelhos onde são pretendidamente alegóricas. A arte sagrada usa o imaginário especial que vem de uma antiga tradição em descrever lugares (v. Lugar). Se aplicamos esta tradição aos Evangelhos podemos compreender que as locações onde os eventos têm lugar frequentemente se referem ao mundo numenal ou interior e não à vida externa e aos fenômenos.

Um bom exemplo na antiga literatura sagrada judaica era o termo Egito que tradicionalmente simbolizava o Corpo. Psicologicamente o corpo significa aquela parte do homem que é presa a valores terrenos e ao mundo material. É o nível natural de nosso ser do qual, de acordo com ideias místicas, devemos ascender a um nível incorpóreo, mais alto. Neste nível mais alto estamos libertos da tirania dos sentido e podemos contemplar o Divino.

O êxodo de Moisés e dos povo de Israel fora da terra do Egito assim se torna uma alegoria de uma jornada "não de nossos pés", como Plotino afirma, mas de nossa alma. Em tal jornada passamos da vida do corpo àquela do espírito. Esta é a passagem onde relegamos a prioridade que a vida natural sustenta a um plano secundário; o corpo e a percepção dos sentido agora submetida a um "mestre" que "não é deste mundo" mas que pertence ao reino espiritual. Este mestre, no Cristianismo, esta autoridade ou poder mais alto, é Deus junto com seu Filho o Divino Logos e a terceira pessoa da Trindade, o Espírito Santo.

Sabemos que Orígenes apontava que a tradição de alegoria é também usada no NT e assim compreendemos que o significado profundo pode ser obtido de um estudo das localizações descritas nos Evangelhos. Lemos que Cristo viajou para vários lugares, que atravessou lagos e entrou vários prédios. Todos estes detalhes, que dificilmente podem ser relevantes ao nível literal, podem ser tomados como referências aos estados psicoespirituais de ser.