VIDE: nobreza
Excertos do livro VOICI MAÏTRE ECKHART
Ah! tens muito a fazer se quereis viver a Humanidade e a Divindade, alcançando esta plenitude que se assenta sobre vossa nobreza, segundo que Deus vos ama e vos reclama. Estabelecei-vos sabia e fortemente, como (um cavaleiro) sem medo, em tudo o que vos pertence, neste mundo de vida que vos convém, segundo vossa alma, (por natureza) nobre e perfeita. Mas entendeis bem o que isso quer dizer: mantei-vos na unidade, não vos mistureis com qualquer boa ou má, alta ou baixa; deixeis as coisas seguir seu curso e permaneceis livre para o único exercício (da união) com vosso Bem Amado e para satisfazer às almas que amais no Amor.
É o privilégio das almas nobres e puras de perseverar nisto,
de não admitir nenhuma dessemelhança.
A nobre clareza se manifesta segundo o que lhe agrada:
nada serve aqui investigação, intenção, nem razão:
são coisas que é preciso banir para permanecer no interior em um silêncio nu,
puro e sem querer: é assim que se recebe
a nobreza que língua humana não poderia exprimir,
e este conhecimento que brota sempre novo de sua fonte intacta.
Sim! Sempre novamente, ó nobre inteligência, esta Fonte é vossa
em quem vós sois extinta e cativa de vosso desejo.
Esta Alma tem sua plena medida de franquia, cada um de seus quartos carrega sua plena carga. O quer ela, ela não responde a ninguém que não seja de sua linhagem. Pois um cavalheiro não ousaria responder a um vilão que o chama ou requereria um campo de batalha. Eis porque quem chama esta Alma não a encontra: seus inimigos não recebem dela qualquer resposta.
O homem tem o direito de ser feliz, mas deve sê-lo de modo nobre e — o que quer dizer a mesma coisa — no plano da Verdade e do Caminho. A nobreza é o que corresponde à hierarquia real dos valores: o superior prevalece sobre o inferior, e isso tanto no plano dos sentimentos como no dos pensamentos ou das volições. Dissemos que a nobreza de caráter consiste em colocar a honra ou a dignidade moral acima do interesse, o que indica, em última análise, que se deve colocar o real invisível acima do ilusório visível, tanto moral quanto intelectualmente.