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id da página: 9800 Abade Stephane – Essência e Existência Abade Stephane

Stephane Essencia Existencia


STÉPHANE, Henri. Introduction à l’ésotérisme chrétien I. Paris: Dervy-livres, 1979

A distinção real entre a essência e a existência é fundamental para a filosofia cristã, precisamente porque é apenas filosofia ou teodiceia. Na presença de um ser, percebido ou pensado, colocam-se duas questões: quid est? an est? A essência responde à primeira questão, a existência à segunda. Assim, não basta conceber uma "montanha de ouro" para que ela exista. Apenas o conceito de Deus implica a existência, se se admite o argumento ontológico, ou ainda, em Deus somente a essência é idêntica à existência. Ele é o Ens per se subsistens, os outros seres recebendo a existência dele. É uma maneira de evitar todo panteísmo e todo imanentismo. Se a distinção entre a essência e a existência fosse apenas virtual, isso significaria que a existência está em potência na essência, e o ato criador seria frustrado de sua gratuidade: Deus seria de certa forma forçado a atualizar esta potência.

Este ponto de vista particular e limitado da ontologia, compreendendo as distinções como essência-existência, ato-potência, substância-acidente, matéria e forma, serve de quadro à teologia escolástica e de modo de expressão ao "dado revelado". Ele não pode ser ultrapassado senão pela teologia apofática, o Hypertheos de São Dionísio ou a Deidade eckhartiana.

Totalmente outro é o "ponto de vista" da metafísica pura concernente não mais o Ser e os entes, mas os "estados múltiplos do ser" e o Estado incondicionado Atmã.

Estes dois pontos de vista não se excluem no entanto e eles são de certa forma complementares, neste sentido que a metafísica inclui a ontologia, e que a teoria dos estados múltiplos do ser "explica" a relação do Ser e dos seres pela analogia e a relação causal. As questões "filosóficas" como: quid est? an est?, não se colocam portanto mais, já que em vez de partir "de baixo", tudo é "dado" (revelado) de cima. Sabe-se que Atmã não é Maya, mas sabe-se também que Maya "não é outra coisa" senão Atmã, e só se distingue dele de modo ilusório.

Maya quebra de certa forma a unidade "monolítica" — monoteísta! — de Atmã, que se espalha na multiplicidade indefinida dos "seres", sem que sua essência imutável seja afetada, de modo que, in divinis, a multiplicidade é imediatamente reintegrada na Unidade; a existência universal se desdobra em modo manifestado entre seus dois polos não manifestados: Purusha, idêntico a Atmã, e Prakriti, idêntico a Maya, e é a mediação dos mesmos polos que produz o retorno do manifestado à Unidade principial. A aplicação do que precede à Theotokos e ao Logos é imediata. A distinção escolástica da essência e da existência não é senão o reflexo no nível do mental da distinção principial Atmã-Maya.