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Abade Stephane

Perenialistas Cristãos — ABADE HENRI STÉPHANE


WIKIPEDIA: Francês

Resumo da apresentação de Jean Borella, em STÉPHANE, Henri. Introduction à l’ésotérisme chrétien I. Paris: Dervy-Livres, 1979

  • Trajetória Pessoal e Formação Intelectual

    • Henri Stéphane foi um sacerdote católico que viveu em relativo anonimato, reconhecido apenas por um círculo próximo de amigos que o consideravam um mestre intelectual.
    • Sua existência foi integralmente dedicada à oração e ao estudo teológico.
    • Inicialmente, dedicou-se a estudos científicos, atingindo um alto grau de competência na área, mas posteriormente compreendeu que esse conhecimento secular era um "saber ignorante" comparado à "doutrina sagrada" definida por São Tomás de Aquino.
    • Dotado de um espírito profundamente místico e simultaneamente rigoroso, estudou teologia numa época em que ela ainda era ensinada de forma tradicional.
    • Recebeu a graça divina de transcender as limitações dogmáticas e formais do discurso teológico de seu tempo, conseguindo sempre vislumbrar a realidade inefável por trás das palavras.
    • Seu foco teológico central era o mistério trinitário, que via encarnado na experiência espiritual de figuras como São João da Cruz e Santa Isabel da Trindade.
  • Influências Doutrinárias e Expansão do Pensamento

    • O contato com "O Simbolismo da Cruz", de René Guénon, marcou um ponto de virada, levando-o a um estudo aprofundado de toda a obra guenoniana.
    • Seu principal interesse residia na metafísica, no simbolismo e na crítica ao mundo moderno presentes em Guénon, mantendo certa distância das considerações sobre iniciação.
    • A leitura de Frithjof Schuon também exerceu grande influência, particularmente pelas suas insights sobre a mística cristã e universal.
    • O conhecimento da Ortodoxia oriental, através de Vladimir Lossky e Paul Evdokimov, introduziu-o no universo teológico e espiritual dos ícones, os quais passaram a ter um papel significativo na sua doutrina espiritual.
  • Reação à Crise Eclesial e Reclusão Final

    • A última fase de sua vida foi profundamente afetada pela crise na Igreja Católica subsequente ao Concílio Vaticano II, um desenvolvimento que ele havia previsto e analisou com rigor lógico.
    • Durante este período, a influência da doutrina de Guénon na sua vida intelectual diminuiu progressivamente.
    • A leitura das Escrituras Sagradas, a prática litúrgica, a contemplação da arte sacra e a oração tornaram-se as fontes primárias da sua meditação.
    • Desprovido de qualquer função oficial, retirou-se gradualmente para uma vida de completo recolhimento.
  • Características Pessoais e Metodologia Intelectual

    • Embora vivesse recluso, sua excepcional inteligência era evidente para quem o procurava, caracterizando-se por uma certeza na apreensão intelectual e um senso aguçado das realidades divinas.
    • Não era um dialético; evitava discussões e explanações extensas, concentrando seu interesse quase exclusivamente na teologia cristã.
    • Suas leituras eram seletivas, relendo repetidamente os livros que considerava essenciais, alguns por vinte ou trinta vezes, até integrá-los completamente à sua substância intelectual.
    • Possuía um método contemplativo singular, detendo-se numa única palavra, repetindo-a e saboreando-a até que ela irradiasse sua luz inteligível, como ocorria com o termo "hipóstase".
  • Natureza e Características dos seus Escritos

    • Os escritos eram quase sempre textos ocasionais, destinados a um leitor específico, contendo alusões de significado claro apenas para o destinatário.
    • Funcionavam como ponto de partida para seu ensino teológico, sendo lidos em voz alta e comentados por ele.
    • Não buscava originalidade, mas sim reaproveitar elementos, análises, noções-chave e formulações de outros autores, inserindo-os em novas sínteses de ordem clara e eficaz.
    • Possuía o "carisma do essencial", conseguindo destacar ideias que passavam despercebidas nos textos originais, fazendo-as brilhar com um novo esplendor.
    • A busca pelo essencial resultava em uma extrema brevidade; redigia apenas após longa meditação, produzindo textos concisos de uma ou duas páginas, ou mesmo algumas linhas, que considerava definitivos.
  • Publicação Póstuma e Justificativa da Obra

    • Henri Stéphane recusou-se energicamente a publicar seus textos em vida, argumentando que exigiriam muito trabalho para adaptação e que não existia um público apto para recebê-los.
    • No entanto, nunca proibiu formalmente uma publicação póstuma, delegando a responsabilidade da decisão a outros.
    • Posteriormente, alguns discípulos obtiveram um acordo tácito para a divulgação mais ampla do seu ensino, encontrando acolhida nas Edições Dervy-Livres.
  • Contribuição Doutrinal e Especificidade do seu Esoterismo

    • A importância fundamental dos escritos reside em revelar a dimensão propriamente esotérica da dogmática cristã.
    • Diferencia-se de outros abordagens que, para encontrar o esoterismo, colocam entre parênteses a dogmática oficial da Igreja Católica.
    • Sendo um sacerdote profundamente fiel às suas práticas católicas, a via por ele praticada era "vertical", buscando reconhecer a dimensão gnóstica ou metafísica no âmago da especificidade da forma tradicional cristã.
    • Seu método não buscava autenticar a perspectiva cristã referindo-a a conceitos metafísicos externos, mas sim penetrar no cerne da sua lógica interna, contemplando-a na sua própria linguagem religiosa para descobrir aí a verdade da pura conhecimento.
    • O esoterismo que propõe é, portanto, essencialmente doutrinal, visando comunicar a inteligência do que há de mais interior nos mistérios cristãos tal como transmitidos pela Igreja, gerando tanto força quanto alegria espiritual.

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