DECK, John N. Nature, contemplation, and the one: a study in the Philosophy of Plotinus. Burdett, NY: Larson Publ, 1991
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Doutrina do Um de Plotino e a sua necessidade de exame quanto a instâncias primárias de poiesis e de conhecimento
- Exigência de demonstração do lugar da doutrina do Um na filosofia plotiniana
- Necessidade de caracterização mais precisa do Um antes do tratamento sob os aspectos de poiesis e conhecimento
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Demonstração racional do Um como princípio primeiro
- Argumentação a partir da natureza do Noûs como uma dualidade de inteligência e inteligível
- Inferência de que toda multidão é posterior a uma unidade, exigindo um princípio anterior ao Noûs
- Formulação do argumento: "Se não é Noûs, mas escapa aos dois, aquilo que é anterior a estes dois estará além do Noûs. Mas o que é? Diremos que é aquilo de onde provêm o Noûs e o inteligível que está com ele."
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Complementação da demonstração pela noção do Bem
- Argumentação de que o Noûs, por ter a necessidade de ver e de agir, relaciona-se com um princípio superior
- Identificação desse princípio superior como o Bem, que é o mesmo que o Um
- Fundamentação da doutrina do Um na filosofia de Plotino por exigência racional, a partir da natureza do princípio inferior
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Distinção entre a experiência filosófica e a experiência místico-paranormal do Um
- Reconhecimento do testemunho de Porfírio sobre as experiências extáticas de Plotino
- Citação das alusões do próprio Plotino: "a preparação e o adornamento [da alma para a experiência do Um] são evidentes para aqueles que se prepararam a si mesmos" e "Aquele que viu sabe o que digo, que a alma tem outra vida, quando está voltada para o Um e se aproxima do Um e participa dele"
- Observação de que as descrições da experiência do Um são precedidas por variações das provas padrão, tornando a filosofia inteligível por si mesma
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Caracterização do Um como hipóstase distinta e inefável
- Demonstração do Um como princípio distinto do Noûs e como causa distinta do causado
- Afirmação da inefabilidade do Um, onde até o nome "Um" não é uma designação positiva adequada
- Problematização da atribuição de predicados, que introduziria dualidade e o tornaria "o um que é", a segunda natureza
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Denominação do Um como o Bem e análise das implicações
- Definição do Bem como aquilo que todas as coisas desejam, em direção ao qual agem e por causa do qual são o que são
- Negação de que o Bem seja bom para si mesmo, pois isso implicaria uma dualidade inexistente
- Explicação de que o Um é a fonte da qual tudo procede, inclusive o conhecimento como desejo de conhecê-lo
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Estratégia discursiva de Plotino para falar do Um
- Emprego de frases dualistas com a devida qualificação, mediante partículas como hoion ou expressões corretivas
- Advertência explícita no início e no fim do tratado VI, 8 sobre o discurso "incorreto" para fins de persuasão, que se afasta do rigor do conhecimento
- Uso de expressões como "a partir de si mesmo", "por si mesmo", "em direção a si mesmo", "quer a si mesmo" e "faz ou constitui a si mesmo" como tentativas de expressar a autossuficiência sem dualidade
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Doutrina da transcendência e simplicidade absoluta do Um
- Afirmação de que o Um nada necessita, incluindo subsistência, entidade, ato ou vida
- Explicação de que, se necessitasse ou possuísse tais atributos, não seria o primeiro princípio, pois se tornaria dual
- Caracterização do Um como estando além da subsistência, além da entidade, além do ato e além da vida
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Aplicação coordenada de afirmações e negações para exprimir a natureza do Um
- Uso de antíteses: afirma-se e nega-se que o Um é, que subsiste, que é ato, que é livre, que tem vida
- Esclarecimento de que as negações visam afirmar a simplicidade, enquanto as afirmações evitam um entendimento negativo do Um
- Conclusão de que o Um possui quasi-subsistência, quasi-entidade e quasi-vida, idênticas a si mesmo, sendo o mais suficiente e o menos carente
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Preliminares sobre a produção e o conhecimento no Um
- Inferência de que, se o Um produz, não pode ser por dissipação ou saída de si mesmo
- Inferência de que, se o Um conhece, não pode ser de um modo que o coloque em oposição a si mesmo
- Conclusão de que, não sendo negativo, se produz veridicamente produz e se conhece veridicamente conhece
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A produção (poiesis) do Um: geração do Noûs
- Explicação, no modo "incorreto", de que o Um faz a si mesmo, sendo uno com o seu querer a si mesmo
- Esclarecimento, no modo próprio, de que o Um não faz a si mesmo subsistir e nada mais o faz subsistir, estando acima da vontade e da necessidade
- Descrição da geração do Noûs como um permanecer perfeito, estável e imóvel, à semelhança do sol gerando a luz à sua volta
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Fundamentação metafísica da produção a partir da perfeição
- Princípio geral: "tudo o que já é perfeito gera. Aquilo que é sempre perfeito gera sempre, e gera algo eterno"
- Explicação de que os seres geram enquanto permanecem, a partir da sua própria entidade como fonte originativa
- Caracterização da hipóstase dependente como necessária, contígua à fonte e proveniente do poder presente do gerador
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Precisão doutrinal sobre o ato do Um e a geração do Noûs
- Distinção entre o ato da entidade, que é o próprio Um, e o ato a partir da entidade, que é o Noûs
- Explicação de que o Noûs "toma a sua hipóstase" e "vem ao ser e à entidade" a partir do ato autoconstituído e autossuficiente do Um
- Uso da metáfora do "vir à presença" para descrever a dependência ontológica do inferior em relação ao superior
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Caracterização do produto como imagem do produtor
- Definição do Noûs como imagem, imitação e simulacro do Um
- Esclarecimento de que a imagem, no sentido primário plotiniano, é como um reflexo no espelho, dependente e não separável do arquétipo
- Conotação de completa dependência ontológica e relativa falta de realidade do produzido em relação ao produtor
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Necessidade e completude da produção a partir do Um
- Afirmação de que o poder do Um não pode ser contido, avançando até que todas as coisas atinjam o limite da sua possibilidade
- Declaração de que nada mais pode ser gerado do Um, pois tudo o que poderia ser gerado já o foi
- Conclusão de que a produção perfeita ocorre sem saída de si, sem esforço e precisamente devido à perfeição, imutabilidade e autossuficiência
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O problema do conhecimento no Um
- Resposta inicial negativa: a atribuição de conhecimento introduziria dualidade, tornando o Um "o conhecedor e o Bem"
- Argumentação de que o conhecimento, mesmo no Noûs, não é perfeitamente simples, exigindo um objeto
- Afirmação de que o Um não conhece a si mesmo nem a mais nada, nem é ignorante, estando além do conhecimento
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Possibilidade de um superconhecimento ou contato consigo mesmo no Um
- Sugestão, em eneada-V-3-10, de um "tocar" e "contato apenas" como um "pré-conhecer" antes da geração do Noûs
- Descrição, no modo "incorreto", do Um como que "fazendo-se a si mesmo por um ato de olhar para si mesmo"
- Identificação, em eneada-VI-8-16, de uma "vigília eterna" e "superconhecimento" que é o próprio Um
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Evidências textuais para um conhecimento positivo no Um
- Afirmação de que "o mais amável no Um é, por assim dizer, o Noûs", indicando uma natureza intelectual
- Declaração de que o ser e o Noûs, ao serem derramados do Um, testemunham o conhecimento nele existente
- Proclamação inequívoca em eneada-V-4-2: "o seu autoconhecimento é ele mesmo, um autoconhecimento por uma espécie de consciência de si estando em extase eterna e em um conhecimento diferente do conhecimento segundo o Noûs"
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O superconhecimento do Um como identidade consigo mesmo
- Fundamentação na noção plotiniana de que a verdade e o conhecimento ideais tendem à identidade entre o conhecedor e o conhecido
- Caracterização do conhecimento no Noûs como uma unidade, ainda que não absoluta
- Conclusão de que a autoidentidade cognitiva do Um pode ser um superconhecimento no sentido positivo, sendo o análogo primário de todo conhecimento