-
Crítica às interpretações de Mrs. Rhys Davids sobre a doutrina budista nos textos páli
- Objetivo de Mrs. Rhys Davids: demonstrar a persistência da personalidade entre encarnações e os aspectos racionalistas do budismo
- Refutação da leitura de sandhāvati e saṃsarati como "continuam, viajam" em Samyutta Nikāya II.178
- Defesa de que sandhāvati e saṃsarati significam "continuam juntos, viajam juntos", indicando uma junção
- Afirmação de que satto é tratado como um composto, sujeito à regra de que "todas as coisas compostas são perecíveis"
- Refutação da interpretação de Milindapañha 72
- Citação de Milindapañha 28 e Samyutta Nikāya I.135 para sustentar que a negação de um "ser" que transita é uma convenção de linguagem, não uma negação metafísica
- Conclusão de que "o Milinda repete" a doutrina, não a contradiz
- Refutação da interpretação de anamattaggāyaṃ em Samyutta Nikāya II.178
- Contraste com a afirmação da omnisciência do Buddha em Digha Nikāya III.28: "Sei o último começo das coisas, e mais que isso"
- Explicação da dupla significação de "começo": no tempo e com relação ao seu princípio
- Distinção entre o tempo e a eternidade para resolver a aparente contradição
- Condicionamento das questões levantadas por Rhys Davids
- Aceitação das implicações ocultas e psíquicas dos textos
- Rejeição do seu simbolismo metafísico
- Defesa metodológica da integridade textual
- Interdependência dos elementos metafísicos e "racionalistas" no cânone páli
- Impossibilidade de separar doutrinas como as da natividade do Buddha e do jhāna
-
Fundamentação védica e upanisádica das doutrinas budistas
- Doutrina da omnisciência sobre os nascimentos e a origem do mal
- Rig Veda Samhitā X.11.1: Varuna "conhece todas as coisas especulativamente"
- Rig Veda Samhitā VI.15.13: Agni, como Jatavedas, é "omnisciente de todas as gerações"
- Equivalência com a expressão páli yoniso manasikāra
- Doutrina da causa do Mal
- Rig Veda Samhitā X.114.2: doutrina da "causa da tripla Destruição"
- Correspondência com a doutrina budista das "três causas das ações" e da "causa do Mal"
- Precedentes védicos para a compreensão budista
- Rig Veda Samhitā VIII.24.24 e Atharva Veda Samhitā XVI.5: conhecimento do lugar de nascimento do torpor e da Morte
- Doutrina da omnisciência sobre os nascimentos e a origem do mal
-
Análise da natureza do conhecimento e da recordação no budismo
- Diferença entre a maneira de conhecer do Buddha e a dos outros seres, conforme exposto no Visuddhimagga
- Procedimento das inteligências inferiores para a recordação das moradas anteriores
- Regresso passo a passo pela via dos agregados ou das mortes e nascimentos
- Dificuldade em seguir o momento de passagem devido à destruição do nāmarūpam antecedente
- Conhecimento do Buddha
- Não necessita de procedimento passo a passo; testemunha diretamente
- Qualquer momento torna-se imediatamente visível, "abrindo caminho por incontáveis miríades de éons"
-
Investigação metafísica sobre a transmissão entre corpos
- Questionamento sobre o que é esta "nada" que não passa de um corpo a outro
- Definição de "nada" em teologia e metafísica como um princípio não qualificado
- Exemplo cristão: Deus chamado de "nada"
- Exemplo upanisádico: o Espírito, o Atman, "NÃO É, NÃO É" (Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad IV.4.22)
- Uso de símbolos alternativos nos textos páli para denotar o ser nascido
- Símbolo de atta-bhāva ("Condicionador do Espírito" ou "Naturador da Essência")
- Símbolo de attato ("desde o Espírito")
- Distinção entre attabhāva e atta
- Attabhāva como a "naturação de atta", sujeição da Essência aos acidentes do devir
- Attabhāva como a semelhança individual aparente que determina o atta
-
Exegese de passagens canônicas sobre o atta e o anatta
- Interpretação de Samyutta Nikāya II.94-95
- Contraste entre as multidões seculares e os discípulos doutrinados
- Multidões seculares experienciam o corpo como "desde o Espíritu" (attato)
- Discípulos doutrinados refletem sobre o procedimento análogo do nascimento: "Sendo isto, isso vem a ser"
- Interpretação de Samyutta Nikāya II.252
- Diálogo entre Rāhula e o Buddha sobre como evitar a noção de "eu" e "meu"
- Instrução para considerar toda a aparência, o coração, a mente ou a consciência com a fórmula: "Isto não é meu, eu não sou isto, isto não é meu Espírito"
- Conclusão exegética
- Os textos canônicos páli não negam o ātman
- O interesse primordial é evitar a confusão entre o "corpo e sua consciência" e o ātman
- O erro surge da arrogância do "Eu" e do "Meu"
- Interpretação de Samyutta Nikāya II.94-95
-
Identificação do Buddha com o atta e a doutrina do refúgio
- O Buddha como o atta em cada attabhāva
- Não a "alma", mas o Spiritus, o Espírito, nas habitações transitórias do nāmarūpa
-
Milindapañha 71-73 sobre a ausência de essência e a presença do Buddha
- "Em último análise não há nenhum Comprehensor que possa ser apreendido"
- "O Buddha é" e pode ser apontado "no Corpo da Norma"
- A exortação do Buddha em Digha Nikāya II.100
- "Sede tais que tenhais ao Espírito como vossa lâmpada, ao Espírito como vosso refúgio"
- Equivalência de significado com as palavras de Jesus em João 14:16-17 sobre o "Confortador"
- O Buddha como o atta em cada attabhāva
-
Conciliação das doutrinas de atta e anatta
- A doutrina do anatta não é uma subversão monástica, mas parte integrante do ensinamento
- Precedentes upanisádicos para o anatta
- Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad I.2.1-7: a Morte como anātmya, despirada
- Taittirīya Upaniṣad II.7: o suporte sem temor é invisível, despirado, não enunciado e sem lugar
- A via média como síntese
- Rejeição budista dos extremos e elogio da "via média"
- Expressão magistral em Rig Veda Samhitā X.129.2: "Aquele Um suspira despirituado"
- Expansão da doutrina em Jaiminīya Upaniṣad Brāhmaṇa III.33 e Īśāvāsya Upaniṣad
- Unidade doutrinal entre Vedas, Upaniṣads e Budismo
-
Identificação do Buddha com o Brahman
- O Buddha, "conhecedor que não pode ser apreendido" mas que "É", equiparado ao Brahman "que não pode ver-se nem apreender-se"
- O Buddha canónico revelado e em Si mesmo não se distingue do Brahman que é apara e para, mortal e imortal
- O conhecimento do Buddha, como o do Brahman, abrange não só as possibilidades do ser, mas também as do não-ser
-
Conclusões doutrinais e metodológicas
- Demonstração de que o budismo primitivo ensina a transmigração, não a reencarnação
- Demonstração de que as proposições de atta e anatta são mantidas simultaneamente no budismo e na ortodoxia
- Afirmação da omnisciência do Buddha com respeito a todos os devires e ao "além disso"
- Defesa metodológica
- Contra a desnaturação dos textos pela rejeição das partes metafísicas
- Necessidade de estudar as Upaniṣads e o budismo com conhecimento dos Saṃhitās e Brāhmaṇas
- A exegese como ciência e arte que requer conhecimento prévio de teologia e metafísica
id da página: 1329
Coomaraswamy – GOTAMA, O BUDA – Renascimento e Onisciência no Budismo Pali
Ananda Coomaraswamy
Ananda Coomaraswamy » Coomaraswamy Budismo
Rama Coomaraswamy