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Orvalho

ORVALHO

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VIDE


Cabala

Mario Satz

Quando o discípulo surge, quando sua cabeça assoma ao mundo, a primeira coisa que deve fazer é procurar para si este orvalho da ressurreição que contém o segredo do retorno paradisíaco. Gotas de água divina que, ao contato com sua cabeça, despertarão sua memória. Esse orvalho está contido, para quem sabe vê-lo, na palavra hebraica lahat, que corresponde simultaneamente a "fio", "folha", "abrasamento", "entusiasmo" e que é o termo que figura no Gênesis 3,24 junto à espada flamejante dos Querubins. Para extraí-lo, por aliteração, devemos lê-lo como hatal, e então obteremos "o orvalho" sobre o qual, com extraordinária eloquência, escreve o Zohar: "No momento da ressurreição o Criador fará cair um orvalho sobre a terra; então os mortos nela enterrados levantar-se-ão. Esse orvalho vem da Árvore da Vida e é um orvalho de luz". Essa passagem, por sua vez, se apoia no versículo de Isaías 26,19, que diz: "Despertai, cantai, habitantes do pó, porque vosso orvalho é um orvalho de luz". Desse modo, toda passagem da morte ou ignorância à vida ou sabedoria se faz por intermédio desse orvalho de luz quando entra em contato com a primeira Sefirá ou Kether, a Coroa, sobre a qual oscila a Luz-Sem-Fim, o Ain Sof da Cabala.

Como em quase todas as tradições o orvalho está associado à graça e à imortalidade — Lie Tsé conta que os Imortais da ilha Ho-che se alimentam de ar e de orvalho, e Lao Tsé, por seu turno, vê no orvalho o sinal da amorosa união do céu e da terra — e como aparece ligado por sutis laços aquáticos ao que Plínio chamava "saliva dos astros", brota dele um relâmpago que desde a abóbada celeste passa à abóbada craniana para vibrar na fontanela maior ou bregmática e, mediante a experiência que os místicos denominam "dom das lágrimas", acabar convertendo o salgado em doce, a dor em alegria, o sono em despertar. Callisto Xanthopoulos, um dos grandes mestres da Philokalia ou oração do coração, escreveu: "A água que sai do coração preenche totalmente o homem interior com o orvalho divino". O orvalho-da-luz, o tal orot da Bíblia, joga com o duplo sentido da palavra orot, que indica "ervas" e "luzes" ao mesmo tempo. Além disso, orot procede da combinação de outros dois nomes: "luz", or, e ot, "letra", pelo que o caminho para a obtenção do elixir celestial, o orvalho, passa pela extração da luz contida nas palavras do versículo citado. Assim, a primeira senda desbravada pelo Adão natural é percorrida pelo Adão sobrenatural, e da Árvore do Conhecimento aquele avançará até a Árvore da Vida quando for capaz de transformar-se no querubim da espada de fogo.