René Guénon: Rei do Mundo
Por outro lado, reportando-nos ao que já explicámos sobre o simbolismo do «Polo», é fácil ver também que a montanha do Paraíso terrestre é idêntica à «montanha polar», de que se trata, sob diversos nomes, em quase todas as tradições: já mencionámos o Meru dos Hindus e o Alborj dos Persas, bem como o Montsalvat da lenda ocidental do Graal. Citaremos também a montanha de Qaf dos Árabes, e mesmo o Olimpo dos Gregos, que tem relativamente o mesmo significado. Trata-se sempre de uma região que, como o Paraíso terrestre, se tornou inacessível à humanidade vulgar e está situada fora do perigo de todos os cataclismos que transtornam o mundo humano, no fim de certos períodos cíclicos. Essa região é verdadeiramente a «região suprema»; além disso, segundo certos textos védicos e avésticos, a sua situação teria sido primitivamente polar, mesmo no sentido literal dessa palavra; e, qualquer que possa ser a sua localização através das diferentes fases da história da humanidade terrestre, ela permanece ainda polar, no seu sentido simbólico, visto que representa essencialmente o eixo, em torno do qual se realiza a revolução de todas as coisas.