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Dodecaedro

GEOMETRIA – DODECAEDRO

Excerto do Jean Chevalier, Dicionário de Símbolos

Forma geométrica de um sólido convexo de 12 faces pentagonais. Há também dodecaedros estrelados de doze pontas. Cerca de trinta desses objetos, em bronze, foram descobertos na Etrúria e na Gália. Tinham as faces perfuradas de aberturas circulares, e os ângulos triedros protegidos por pequenas esferas. Tais objetos remontariam ao começo da era cristã e teriam sido enterrados em fins do séc. III ou começo do séc. IV.

O dodecaedro assume todo o seu sentido no contexto da simbólica pitagórica dos números e do idealismo platônico. O número, como a ideia, exprime as realidades inteligíveis, supra-sensíveis, que são os protótipos ou os modelos eternos das coisas aqui da Terra. Estas têm apenas participação mais ou menos adequada nas perfeições imutáveis que são os números e as ideias.

O poliedro de 12 faces deriva do pentagrama: 12 pentagramas que se toquem por um lado e se liguem por uma espiral compõem, uma vez direitos no espaço, o sólido conhecido como dodecaedro. Essa passagem da segunda para a terceira dimensão, a partir do pentagrama, é considerada por Matila C. Ghyka como o arquétipo ideal do crescimento dinâmico.

Na série dos cinco grandes poliedros regulares, que engendram sucessivamente os números, o Dodecaedro exprime a síntese mais perfeita. Segundo a simbólica geométrica, o tetraedro (pirâmide regular, de quatro lados) representa o fogo; o octaedro, o ar; o icosaedro (corpo sólido, de 20 faces, que são triângulos equiláteros), a água; o cubo, a terra. Quanto ao dodecaedro, ele tem o papel de exprimir o universo todo. Por isso foi dotado, na tradição pitagórica, das propriedades as mais surpreendentes, de ordem matemática, física e mística. O dodecaedro não é só a imagem do Cosmo, ele é o seu número, a sua fórmula, a sua Ideia. A terra dos Bem-Aventurados exibe essa forma. É a realidade profunda do Cosmo, a sua essência. Pode-se dizer, sem que isso implique força de expressão, que o dodecaedro é o próprio Cosmo (Léonard Saint-Michel, in Lettres d’humanité. Paris, X, p. 101). Os objetos antigos que foram encontrados serviam de apoio a esse valor simbólico; cada um deles era um microcosmo de bolso, semelhante em todos os pontos ao Macrocosmo que ele exprime, segundo as leis analógicas da Magia tradicional, símbolo semelhante, no sentido geométrico do termo, idêntico em essência, transubstanciado (se não for ousadia dizê-lo), universo real e vivo sob as aparências de um simples dodecaedro (ibid., p. 101).

Nada mais natural, então, que esses objetos misteriosos tenham servido para operações mágicas. A tentação de passar do conhecimento ao poder é constante. A utilização mágica, operacional ou divinatória, é uma perversão habitual da percepção do símbolo. O valor antigo e profundo do símbolo, que deveria levar a alma a uma visão mística das coisas, é desviado para fins de dominação. Não se exclui, ademais, que o mesmo símbolo do Cosmo tenha sido usado para fins de culto e se tenha transformado em ídolo.