CORBIN, Henry. En Islam iranien: aspects spirituels et philosophiques II. Paris: Gallimard, 1991
Segue a lista hierárquica extremamente detalhada de tópicos, em português formal e estilo acadêmico, baseada no texto fornecido.
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A Raridade e a Natureza do "Livro de Horas" de Sohrawardî
- A constatação da raridade dos manuscritos e da complexidade do texto do "Livro de Horas"
- O testemunho de Mollâ Sadrâ Shîrâzî sobre a persistência da forma litúrgica e a piedade "hierática" de Shaykh al-Ishrâq
- A estrutura dual do "Livro de Horas": prónomes de tonalidade escatológica pessoal e doxologias aos Anjos das sete planetas
- A análise de Sadrâ Shîrâzî confirmando a estrutura das liturgias diárias dedicadas a cada um dos Sete Anjos
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O "Livro de Horas" como Expressão da Concepção Fundamental de Sohrawardî
- A inseparabilidade entre o conhecimento filosófico e a experiência espiritual do hakim mota'allih (teósofo místico perfeito)
- O paralelo entre a piedade teúrgica de Sohrawardî e a dos neoplatónicos em relação aos Oráculos Caldeus e hinos órficos
- A limitação das descrições da experiência mística e a necessidade da sua transmutação em evento
- As duas vias para a realização espiritual: o Relato em símbolos místicos e a oração-confidência (monâjât)
- A transmutação do saber filosófico em teurgia através da oração pessoal e única
- A eficácia reveladora dos salmos teúrgicos de Sohrawardî em comparação com exposições teóricas
- A semelhança da metodologia "hierática" de Sohrawardî com a de Proclo e a sua consonância com os antigos Sábios da Pérsia e da Caldéia
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A Fundamentação Teúrgica do Culto à Chama na Tradição Ishraqî
- A justificação do culto à Chama pelos sábios teosóficos como referência central
- O Fogo luminoso como teurgia do arcanjo Ordîbehesht (Arta Vahishta)
- O movimento e o calor como forma de manifestação (mazhar) da Luz e a sua culminância no Fogo
- A proximidade do Fogo com a vida e a sua função de auxílio contra as Trevas
- O Fogo como "irmão da Luz Espahbad humana" e o seu khalifat menor como representante das Luzes celestes
- A honra prestada ao Fogo como imagem e teurgia de uma Luz arcanjelica
- A razão dos antigos Persas adoptarem a Chama como qibla para a sua Oração
- A evocação das instituições litúrgicas dos soberanos do Irão antigo e de Zoroastro por parte dos comentadores de Sohrawardî
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A Interpretação de Mollâ Sadrâ Shîrâzî sobre o Culto da Chama
- A conceptualização da Chama como "filha do sol" (bint al-shams) e sua função de vicária (nâ'ib) do sol
- A manifestação ubíqua da Chama, contrastando com a ausência periódica do sol, de forma análoga à Lua
- A transição evocada pelo culto da Chama para os salmos de Sohrawardî, modulados pela sua teosofia oriental
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A Cosmologia Viva e a Hierarquia Angelical no Universo Sidéral
- A animação e governo de cada Esfera por uma Alma pensante (Anima caelestis)
- A transmissão de energia da Alma celeste através do astro, seu órgão principal ou coração
- O Sol (Hûrakhsh) como teurgia do arcanjo Shahrîvar (Xshathra Vairya) e a sua designação no Avesta
- A pertença de Shahrîvar à ordem "latitudinal" dos arquétipos na hierarquia ishraqî
- A tradição de honrar o Sol na teosofia oriental "ishraqî"
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A Percepção Simultânea do Sensível e do Suprassensível na Teosofia Oriental
- A intensão fundamental por detrás da menção dos teosofos "orientais": a noção de "Oriente" e "Sol levante" espiritual
- A percepção simultânea do Sol físico e do Sol espiritual do malakût (mundo suprassensível)
- A explicação, no Livro dos Entroncamentos e Entrevistas (Motârahât), da recepção directa do conhecimento sem o obstáculo do corpo material
- A distinção entre as práticas de divinação inferiores e as dos sábios "hieráticos"
- A codificação dos conhecimentos e práticas dos sábios "hieráticos" em símbolos (marmûza)
- As modalidades de encontro com as realidades suprassensíveis (al-amr al-ghaybi): leitura, audição e figuração
- A localização real destes eventos no mundo místico de Hûrqalyâ (mundus imaginalis ou "Oriente intermédio")
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Hûrakhsh como "Portico" das Extases no Mundus Imaginalis
- A designação de Hûrakhsh como ptshgâh (portico) de todas as extases autênticas em Hûrqalyâ
- Os atributos de Hûrakhsh: o mais magnífico dos seres corporificados (motajassidîn) e a suprema Face de Deus na linguagem ishraqî
- A função de Hûrakhsh como dispensador de luz para a meditação e testemunha-de-contemplação
- A distinção fundamental entre a entidade espiritual Hûrakhsh e o astro físico incandescente
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O Salmo a Hûrakhsh e os seus Paralelos com a Liturgia de Mitra
- A evocação da "Liturgia de Mitra" como ritual de iniciação pessoal e sacramento de imortalidade
- A relação entre Mitra, senhor da Luz celestial, e o Sol como sua biga no Avesta e nos mistérios
- A estrutura do salmo sohrawadiano: doxologia ao "corpo de luz" e invocação à "alma pensante" de Hûrakhsh
- A verificação do esquema da angelologia: a massa helíaca como teurgia de Shahrîvar e Hûrakhsh como Anima caelestis que a governa
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O Uso Simbólico do Termo "Pai" na Hierarquia Angelical e Iniciática
- A correspondência do uso do termo "pai" com o simbolismo neoplatónico e dos Oráculos Caldeus
- A reminiscência da estrutura iniciática dos mistérios de Mitra: "pais" e "filhos" espirituais
- A função de Mithra como "pai" impartindo a dynamis (sacramento) da apoteose ao "filho"
- A extensão do termo "pai" a todos os rangos da hierarquia angelical no salmo de Sohrawardî, criando uma ligação análoga à de uma confraria iniciática
- O emprego futuro do termo "pai" no salmo à Natureza Perfeita
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A Estrutura e Conteúdo da "Grande Invocação a Hûrakhsh"
- A composição do salmo: uma doxologia inicial elogiando as belezas do astro visível
- A invocação propriamente dita, organizada através de mediações ascendentes
- A sequência das mediações: de Hûrakhsh a Shahrîvar, depois a todas as Luzes victoriais, depois a Bahman, e finalmente à "Luz das Luzes"
- A concordância desta ascensão litúrgica com a ascensão "hierática" proposta pelo Anjo da iniciação nos Relatos visionários
- A tradução integral da "Grande Invocação a Hûrakhsh"
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A Transcendência do Simbolismo Astronómico e a Natureza do "Portico" Espiritual
- A indiferença da consciência mística profunda perante teorias cosmológicas geocêntricas ou heliocêntricas
- A conceptualização dessas teorias como meros "porticos" (ptshgâh) a serem transcendidos
- A impossibilidade de franquear o "portico" espiritual através de meios tecnológicos, devido à natureza diferente da gravidade espiritual
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A Estrutura Monadológica das Mediações e o Diálogo entre Qosta ibn Lûka e 'Amâlaq
- A sugestão de uma estrutura monadológica implícita na gradación litúrgica do salmo
- A menção do diálogo entre o médico cristão Qosta ibn Lûka e seu discípulo 'Amâlaq, o Greco
- A apropriação deste diálogo pela teosofia ismaelita
- O excerto do diálogo: a definição de Deus como entidade interna que liberta da tristeza e confere independência
- A perspectiva "monadológica" da sequência de "Únicos" até ao limiar d'Aquele que os contém a todos
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A Perspectiva Monadológica na Gnose Ismaelita e na Teosofia Ishraqî
- A concordância da perspectiva monadológica do diálogo com os Relatos de iniciação de Sohrawardî e o conceito de Natureza Perfeita
- A associação da Natureza Perfeita com a experiência mística de Hermes na tradição ishraqî
- A impossibilidade de explorar todas as conexões do "Livro de Horas" com as tradições caldaica, órfica, hermética e sabéia de Harran
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A Natureza Perfeita: Definição, Origem e Significados
- A definição da Natureza Perfeita (al-Tibâ' al-tâmm) como entidade espiritual de origem hermética
- A identificação da Natureza Perfeita como "anjo" do filósofo, agathos daimôn, e a sua recapitulação do Xvarnah (Luz e Destino)
- O significado escatológico da aparição da Natureza Perfeita como antecipação da escatologia pessoal
- A sua presença na imamologia xiita
- A identificação, por parte de alguns comentadores, da Natureza Perfeita com o Anjo da Humanidade (Gabriel, Espírito Santo)
- A perspectiva "monadológica" da relação entre a Natureza Perfeita individual e o Anjo da Humanidade para a espécie
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A Função dos Mediadores Angelicais: dos Salmos aos Relatos Visionários
- A mediação ascendente no salmo a Hûrakhsh: do anjo solar às Luzes arcanjelicas e a Bahman
- A aparição de personagens mediadores nos Relatos visionários de Sohrawardî, como "a língua" dos seres superiores
- O paralelo com os Anjos-intérpretes (Angels-herméneutes) de Proclo, revelando o Silêncio dos deuses superiores
- A necessidade fenomenológica dos mediadores, pois a divindade só se manifesta conforme a capacidade do receptáculo
- A revelação simultânea da própria limite e do Além dessa limite através do Anjo
- A significação do Anjo da Humanidade e a experiência da aparição da Natureza Perfeita
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A Relação de Amor e a Terminologia de "Pai" na Emanação Teúrgica
- A relação originária entre o primeiro "amado" e o primeiro "amante" no "Oriente" das luzes
- A repetição desta relação entre o anjo e a Espécie que é sua "teurgia"
- A existência de um "amado" no mundo superior para cada ser, mediador entre ele e o Ser de pleno direito (al-Haqq)
- O uso simbólico do termo "pai" por Sohrawardî, denotando o nascimento que o amante deve ao amado
- A revelação da origem "teúrgica" no objecto do amor e a reversibilidade dos termos "pai" e "filho"
- A constatação desta reversibilidade nos primeiros words do salmo à Natureza Perfeita
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A Integração da Décima Hipóstase Aviceniana no Pleroma Ishraqî
- A identificação, no Livro dos Templos da Luz (Hayâkil al-Nûr), de uma Luz arcanjelica com função de "pai" para a humanidade
- A designação desta Luz como Espírito Santo pelos filósofos e como Intelligence agente
- A precisão, no Livro da Teosofia Oriental (Hikmat al-Ishrâq), desta Luz como o arcanjo Gabriel
- Os atributos de Gabriel: "pai" da raça humana, Próximo dos arcanjos supremos, Doador de almas (Ravân-bakhsh), Espírito Santo (Rûh al-Qods), Doador de conhecimento e graça inspirativa
- A emanação da Luz regente humana (Espahbad al-nâsût) a partir de Gabriel sobre a compleição humana perfeita
- A integração de Gabriel na ordem "latitudinal" dos Anjos-teurgos ou arquétipos das Espécies, após os Amahraspandân zoroastrianos
- A convergência em Gabriel das irradiações de todas as Luzes-arquétipos precedentes
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A Iconografia e Identificações do Anjo Gabriel (Ravân-bakhsh)
- A possível origem maniqueia do termo persão Ravân-bakhsh (Doador de almas)
- A definição lexicográfica tradicional de Ravân-bakhsh como anjo do conhecimento e da sabedoria, equivalente ao Espírito Santo
- A iconografia mental das duas asas de Gabriel no Bruissement des Ailes de Gabriel: a asa direita (Luz pura) e a asa esquerda (sombra)
- A identificação do Anjo Gabriel/Espírito Santo com o Paráclito
- O paralelo com a identificação xiita do Imãm oculto com o Paráclito, segundo Haydar Âmolî
- A homologação, por Qâzî Sa'îd Qommî, da relação entre o Espírito Santo e a alma de luz com a relação entre o Imãm e o adepto
- A citação, por Sohrawardî, das palavras de Jesus sobre o envio do Paráclito (Evangelho de João)
- A correspondência do símbolo da pomba do Espírito Santo com o sîmorgh em Sohrawardî
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A Relação entre o Anjo da Humanidade e a Natureza Perfeita
- A Natureza Perfeita para o indivíduo como o Anjo da Humanidade para a espécie: essência de luz pré-existente e anjo protector
- A reunificação final com a Natureza Perfeita através da morte
- A associação constante, na obra didáctica de Sohrawardî, entre a Natureza Perfeita e o nome de Hermes
- O relato da visão de Hermes, no qual a entidade espiritual se identifica como sua Natureza Perfeita
- A invocação deste texto por Mollâ Sadrâ Shîrâzî e outros
- A evocação dos perigos de Hermes durante o êxtase e o seu clamor "Tu que és meu pai, salva-me"
- A reminiscência do Poimandrès do Corpus Hermeticum
- A possível substituição ou relação íntima entre o Anjo da Humanidade e a Natureza Perfeita
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A "Invocação à Natureza Perfeita" e os seus Paralelos Iniciáticos
- A localização da invocação no "Livro de Horas", após os hinos diários
- A tradução integral da Invocação (dû'â) à Natureza Perfeita
- Os paradoxos relacionais na invocação: "pai" no mundo espiritual e "filho" no mundo do pensamento
- A súplica para que a Natureza Perfeita se manifeste como mediadora para a obtenção da luz dos Segredos místicos
- O paralelo com a situação espiritual no ritual mitraico: a abertura do "campo de consciência" do Eu superior (o "pai" celestial)
- A necessidade de "dar à luz" o Eu superior para estabelecer uma relação consciente de "primeira" a "segunda" pessoa
- A conceptualização desta acção como "agir de maneira paradigmática" na teurgia neoplatónica
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A Confluência de Tradições na Devoção de Sohrawardî à Natureza Perfeita
- A confluência de fontes de inspiração hermética, neoplatónica e zoroastriana na devoção à "pessoa" da Natureza Perfeita
- A accessão à epifania da Natureza Perfeita como fundamento da mística dos "Fiéis de amor"
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O Momento da Teurgia: da Doutrina ao Evento na Vida de Sohrawardî
- O momento característico em que a doutrina se transmuta em evento através da conjunção entre conhecimento teosófico e experiência espiritual "hierática"
- A origem do nome "Oriental" para a Teosofia no evento do despertar para o "Oriente" místico
- As duas formas do evento: o salmo dirigido à "segunda pessoa" e o Relato na "primeira pessoa" de uma experiência no mundus imaginalis
- A transmutação "oriental" dos heróis da epopeia iraniana nos Relatos de Sohrawardî
- A passagem da epopeia heróica para a epopeia mística, exemplificada pelo rei Kay Khosraw
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A Ontologia do Mundus Imaginalis e a Superação de Dilemas Modernos
- A crítica ao dilema moderno mito/história e inconsciente/consciente racional
- A atribuição deste dilema a uma ontologia agnóstica incapaz de reconhecer o ser real do mundo imaginal (mundus imaginalis)
- A localização dos eventos nos Relatos de Sohrawardî e das tradições xiitas num nível que transcende esse falso dilema
- O exemplo do encontro do myste com o seu Paráclito ou Natureza Perfeita
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As Convergências entre a Gesta Mística Iraniana e o Ciclo do Santo Graal
- A recrossagem da gesta mística iraniana com o ciclo do Santo Graal
- A precisão superior desta convergência face a correspondências folclóricas ou arquétipos do inconsciente colectivo
- A existência de Presenças "hieráticas" comuns e de um mundo comum, requerendo uma ontologia que reconheça o seu ser de pleno direito
- A superação do divórcio entre o pensamento e o ser
- As alusões prévias à cavalaria do Graal em relação ao Imãm xiita e seus fiéis
- A revelação fascinante de uma Presença comum pelo mundo espiritual iraniano
- O destaque para o trabalho de um pesquisador zoroastriano sobre correspondências entre a cavalaria iraniana e a cavalaria mística ocidental