CORBIN, Henry. En Islam iranien: aspects spirituels et philosophiques II. Paris: Gallimard, 1991
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A finalidade "oriental" como consumação da épica heroica em épica mística
- Transição do relato épico ou histórico para o relato místico nas obras de Sohrawardi
- Diferenciação entre as obras breves e em prosa de Sohrawardi e as epopeias místicas da literatura persa de autores como Attar, Jami, Assar de Tabriz, Khajui Kermani, Katibi
- Compreensão e interpretação (ta'wil) dos relatos místicos através de dois aspectos
- Ideia do "Oriente" e do retorno ao "Oriente" como elemento comum entre a "Teosofia Oriental" de Sohrawardi e o ciclo do Graal
- Presença do iranismo e do hermetismo na obra de Sohrawardi
- "Retorno ao Oriente" como ocultação a este mundo no ciclo do Graal
- Momento em que a doutrina se torna evento da alma
- Constituição do relato místico (hikayat) sohrawerdiano
- Importância da correta hermenêutica desta passagem
- Ideia do "Oriente" e do retorno ao "Oriente" como elemento comum entre a "Teosofia Oriental" de Sohrawardi e o ciclo do Graal
- Finalidade "oriental" como princípio ordenador do sentido da gesta narrada tanto no ciclo do Graal quanto no ciclo sohrawerdiano
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Kang-Dêz como castelo místico no cume da montanha de Qaf
- Montanha de Qaf como mundo da alma (Malakut) e "oitavo clima"
- Cidades de esmeralda e Hurqalya na tradição ishraqi
- Cidade de Sarras no ciclo do Santo Graal
- Localização "nos confins do Egito" como símbolo da saída da "terra do exílio"
- Sarras como "Oriente intermediário" e limiar de transição
- Dupla estação do Santo Graal em Sarras
- Transferência da Jerusalém mística para o Ocidente
- Retorno ao Oriente e desaparecimento aos olhos dos homens
- Correspondência com o duplo movimento da gnose teosófica islâmica (nozul e so'ud)
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Significado espiritual de Sarras
- Habitantes descritos como "pagãos" adoradores dos astros (Sabianos hermetistas de Harran)
- Sarras como mundo da Alma (Malakut) com diversidade de almas e moradas
- "Palácio espiritual" (Palais espiriteus) como local de passagem do malakut inferior ao malakut superior
- Primeira pregação de José de Arimateia e consagração de seu filho Josefé como primeiro bispo cristão e guardião do Graal
- Linhagem espiritual independente de dinastias terrenas ou sucessões canônicas
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Retorno a Sarras na jornada de Galaad
- Cura do rei "aleijado" em Corbenic e peregrinação para Sarras com Parsifal e Bohort
- Reaparição de Josefé já falecido, indicando o plano espiritual de Sarras
- Última Ceia do Graal no "Palácio espiritual"
- Josefé celebrando o ofício do Graal rodeado por anjos
- Comunhão de Galaad e contemplação dos mistérios do Graal
- Morte extática de Galaad e ascensão de sua alma pelos anjos
- Mão celestial recolhendo o Graal e a Lança para o céu
- Ocultação da linhagem dos guardiões do Graal e da cavalaria templária
- Paralelo com a ocultação do Décimo Segundo Imã e da hierarquia mística no xiismo
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Sepultamento espiritual de Galaad e Parsifal em Sarras
- Corpos enterrados nas "espiritualidades" de Sarras
- Corpo imaginal (jism mithali) como substância do corpo de ressurreição
- Graus no mundo do Malakut e hierofanias que descem a este mundo
- Palácio espiritual de Sarras como limiar para o Malakut superior
- "Retorno ao Oriente" como realização apenas narrável
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Diversas representações do "retorno ao Oriente" no ciclo do Graal
- "Índia" como designação do Oriente místico
- Três concepções da Índia na tradição: próxima à Etiópia, próxima aos Medos, e nos confins do mundo
- Testemunhos do ciclo germânico do Graal
- História de Lohengrin (cavaleiro do cisne) e retorno do Graal à Índia por Artur e sua cavalaria
- Titurel de Albrecht von Scharfenberg e decisão dos Templários do Graal pelo "retorno"
- Paralelo com a decisão ismaelita de "entrada no esoterismo"
- Parsifal levando o Graal e os Tesouros sagrados para a Índia
- Figura do Preste João como soberano de reino maravilhoso
- Interferência entre Parsifal e Preste João na genealogia espiritual
- João como "filho de Parsifal" no Lancelot holandês
- "Índia" como designação do Oriente místico
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Retirada do Preste João no invisível e coordenação das versões segundo normas místicas
- Evento essencial: mão celestial recolhendo o Graal no invisível em Sarras versus Parsifal reconduzindo o Graal à Índia
- Personagem de Parsifal-Preste João como polo dos johanitas
- Fé no Paráclito identificado com o Décimo Segundo Imã oculto
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Importância da finalidade "oriental" na teosofia de Sohrawardi e no ciclo do Graal
- Zoroastrismo e hermetismo como determinantes da finalidade "oriental" em Sohrawardi
- Realização desta finalidade nos relatos místicos de Sohrawardi
- Percepção da tonalidade comum nos "recitativos" de ambos os ciclos
- Hermenêutica dos relatos místicos como acesso à realidade dos eventos
- Condições para compreensão do sentido esotérico verdadeiro
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Conceito de "Oriente" nos Ishraqiyun
- "Oriente" como princípio e fim (arkhé e télos), origem e lugar de retorno
- Ciclo completo da descida (nozul) e da remontada (so'ud) da alma
- História secreta das Luzes governantes (Nur Espahbad) em Sohrawardi
- Ressonância com a antiga cavalaria iraniana e ética cavaleiresca (javanmardi)
- Finalidade constante do combate espiritual iraniano
- Companheiros do Saoshyant ou do Imã oculto
- Retorno vitorioso à "Fonte oriental" (Luz da Glória, Luz mohammadiana, Luz do Graal)
- Herói espiritual possuindo alta sabedoria teosófica e experiência hierática (ta'alloh)
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Caminhada do místico em direção ao "Oriente"
- Nomes diversos do ponto de orientação: "Palácio espiritual" de Sarras, castelo de Kang-Dêz, Hurqalya
- "Oitavo clima" como limiar de todos os "Orientes"
- Termo Nâ-Kojâ-Abâd (país do Não-onde) cunhado por Sohrawardi
- Impossibilidade de tradução por "utopia"
- Terra onde ocorrem os eventos dos relatos místicos
- Necessidade de metafísica que reconheça ontologicamente o "terceiro mundo" de Hurqalya
- Importância do esquema dos três mundos em Sohrawardi
- Valor noético da percepção imaginativa e da consciência imaginativa
- Órgão de penetração no mundo imaginal (mundus imaginalis)
- Diferenciação entre imaginal e imaginário/fantasia
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Características do mundo imaginal
- Indizibilidade de sua localização (não-onde)
- Visualização do acesso através de múltiplas imagens: mão celestial, recondução do Graal, retiro de Kay Khosraw, navegação ao Sinai místico, gota de bálsamo, navegação à Ilha Verde, peregrinação na Nuvem branca
- Exodo fora do mundo submetido às leis dos sentidos externos através da quarta dimensio
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Injunção do retorno nos relatos de Sohrawardi
- "Retornar" como implicação de uma presença anterior além das cidades terrenas
- Versos corânicos: "Ó alma pacificada! retorna a teu Senhor"
- Experiência do teosofo como depouillement e revêtiment do corpo material
- Condição para ser verdadeiramente mota'allih (hierático)
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Passagem do exposé doutrinal para o relato místico
- Insuficiência da evidência teórica para provocar a "passagem" à margem "oriental"
- Doutrina como evento real no mundo do Malakut
- Hermenêutica do relato visionário não como degradação à alegoria
- Oposição entre "desmitologização" e "realismo espiritual"
- Relação entre verdades esotéricas e relato
- Sentido esotérico do relato não como retorno ao plano de evidência conceitual
- Doutrina como evento espiritual no mundo do Malakut
- Função mistagógica do relato místico em Sohrawardi
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Três graus de certeza na tradição
- Certeza teórica ('ilm al-yaqîn): saber pela audição
- Certeza ocular ('ayn al-yaqîn): testemunho visual
- Certeza realizada (haqq al-yaqîn): realização pessoal
- Aplicação aos níveis de compreensão do "Oriente"
- Nível A: aprendizado teórico da "Teosofia Oriental"
- Nível B: doutrina como evento testemunhado no relato
- Nível C: exaltação da doutrina ao nível B como realização pessoal
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Hermenêutica do relato místico
- Não como "redescida" ao nível A para descobrir o sentido esotérico teórico
- Como exaltação do nível A ao nível B
- Conhecimento "oriental" como despertar para a consciência do evento
- Relato místico frequentemente em "primeira pessoa"
- História do místico reconduzido ao seu "Oriente"
- Gesta heroica consumada na gesta mística como finalidade "oriental"
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Malentendido moderno sobre a realidade do mundus imaginalis
- Raízes nas habituações mentais modernas
- Incapacidade de reconhecer a realidade espiritual concreta do Malakut
- Exemplo da pesquisa sobre elementos hermetistas no Parzival de Wolfram
- Explicação do "passagem" da doutrina à narração como técnica do sensus litteralis
- Negligência da inspiração profética e criação poética
- Confusão entre símbolo e alegoria
- Referência a um único nível de realidade como pressuposto problemático
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Terminologia grega e níveis hermenêuticos
- Anagôgê como ação de elevar do sentido literal ao sentido anagógico
- Sentido anagógico como transfiguração do mundo das coisas em mundo da Alma
- Hermenêutica como ato do Compreender em múltiplos níveis
- Sentidos literal e espiritual como formas de manifestação do Inefável
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Passagem do nível A (doutrina) ao nível B (evento)
- Exposição doutrinal como virtualidade
- Relato como realização em ato
- Evento como acontecimento da Alma no Malakut
- Sentido da realização como transmutação da doutrina
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Atingir o nível C (realização pessoal)
- Não como redescida do nível B ao nível A
- Como compreensão do segredo da passagem do nível A ao nível B
- Evento vivido como promoção ontológica
- Sensus litteralis in mundo imaginali
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Princípio da hermenêutica teosófica xiita
- Esotérico em um dado mundo como exotérico no mundo imediatamente superior
- "Sentido literal no mundo imaginal" como esotérico em relação ao mundo sensível
- Relato místico como esotérico do ensino doutrinal e da história exterior
- Sentido esotérico do relato como doutrina existencialmente realizada
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Exemplos de correspondências entre hermetismo e poema de Wolfram
- Inteligência (Nous) como conteúdo soteriológico do Cratera versus pomba real trazendo a hóstia
- Cratera aplacando a sede de conhecimento versus comunidade do Graal recebendo alimento real
- Porta da luz simbólica versus porta real no castelo do Graal
- Filiação mística versus dinastia real na comunidade do Graal
- Irmandade mística versus parentesco real entre Parsifal e Feirefis
- Agnóstico versus Feirefis antes do batismo
- Beleza espiritual do extático versus Titurel em beleza física
- Iniciação como conhecimento de Joya versus Parsifal revestido com manto similar ao de Repanse de Joya
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Realidade plena do Malakut no ciclo do Graal
- Qualificação de "real" para eventos do nível B deve referir-se à realidade espiritual do Malakut
- Sentido esotérico do poema não na letra do ensino do Cratera
- Relato como aparência exotérica do evento realizado
- Sentido esotérico como sentido da passagem do nível A ao nível B
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Leitura do Parzival de Wolfram como relato de iniciação
- Doutrina promovida ao estado de evento real da alma
- Evento como esotérico da doutrina
- Impossibilidade da "desmitologização" do ciclo do Graal
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Portada hermenêutica para escritos inspirados
- Escritos bíblicos e corânicos situados desde o início no nível B
- Hermenêutica esotérica não como "redescida" ao nível A
- Descoberta da gnose posta em ato
- Manutenção da aparência exotérica na hermenêutica esotérica
- "Formas aparenciais" (apparentiae reales) validadas pela ontologia do mundo imaginal
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Conjugação dos níveis A e B no nível C
- Sentido esotérico do relato como nível A promovido a evento no nível B
- Irrupção de nova "dimensão" no nível C
- História exterior tornada história interior no mundo imaginal
- Chave do sentido esotérico no nível C fornecida por Sohrawardi
- "Récit du Graal" onde a própria pessoa se torna o lugar da história
- "Récit de l'exil occidental" com a exclamação "É de mim que se trata neste relato"
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"Retorno ao Oriente" como Evento indescritível
- Dizer do evento assumindo a aparência exotérica de sensus litteralis
- Sentido esotérico não em evidência teórica anterior
- Transmutação de toda evidência inteligível em evento realizado
- Lugar e segredo do relato (hikayat) no "Oriente médio" ou "oitavo clima"
- Hikayat como realização da finalidade "oriental"