DAMIANI, Anthony. Astronoesis: philosophy’s empirical context : astrology’s transcedental ground. New York: Larson Publications, 2016
O Uno... Absolutamente sem qualquer outro. A Contemplação Em Si, Transcendente e além... Só.
O vislumbre do proficiente reorganiza a estrutura e o significado de nossa compreensão em conformidade... e é a oferta da Sabedoria-Conhecimento pelo sábio à humanidade. Isto, por sua vez, é refratado em correntes divergentes de filosofia.
Nosso guia Plotino se coloca de forma preeminentemente equilibrada e habilmente versada na arte de transmitir-nos esta preciosa primária — o toque do intocável.
Fala-se do Uno — a realidade suprema — como sem quaisquer aspectos... totalmente homogêneo, indivisível e sem partes — inviolável — as palavras mais extremas que se pode expressar são usadas para imprimir em nossa mente a existência de uma coisa da qual nosso filósofo tem a máxima certeza, e então algo de sua natureza é provocado em nosso ser mais íntimo. Descrever ou revelar algo sobre este ser (universal), o arranjo ou combinação destas unidades Transcendentais que o constituem, independentemente do esquema interno — as profundidades insondáveis — e o abismo de poder que o caracterizam e sugerem sua completude, o modo indistinto de sua relação — Tudo isso concebido e executado impecavelmente por sons, transforma nossa exegese do que esta natureza do Uno possa ser em um hino de adoração. De todo modo, com um escrutínio impecável do alcance da razão humana, formula-se dentro destas séries de citações um paradigma para a mente da causa incausada, o Nirguna Brahman dos hindus (o seu conhecimento indiferenciado), a ideia de infinidade Metafísica ou o Absoluto de certos ocidentais. Não há hierarquia interna a que se possa apontar, mas/e Ele será o modelo para as duas hipóstases posteriores como os ‘aspectos’ do Uno. Ou seja, o Princípio-Intelectual (Nous) será teleologia para o Uno e a Alma a sua vida, mas esta diferenciação será para acomodar o modo de ascensão da mente... na sua jornada silenciosa ao jardim do paraíso. Uma vez lá, quem pode distinguir o que do quem senão o divino... uma vez aqui novamente, apenas verbalmente.
Se inclui dentro deste ‘puro despertar sem um despertador’ uma prefiguração do Princípio-Intelectual — uma versão transcendental da segunda hipóstase, que sugere que esta última não pode exaurir a potencialidade ali. Há número divino que correlaciona as Ideias com os Entes e a ordem de sua processão; tudo isso é implícito até que a sua ilustração pelo uso do mandala cósmico o torne mais visível e concreto. Uma aplicação e vindicação deslumbrantes das 8 Hipóteses de Platão — não por um Platão renascido ou cópia helenizada... mas conhecimento puro manifestando-se através de um verdadeiro sábio. De Sua identidade celestial só menos que humano poderia duvidar...
Brevemente:
mas a unidade pode ser tão complexa mesmo na sua simplicidade indiferenciada ou como inteligência pura (*turiya*) a ponto de sugerir imensos mistérios... traços no escuro — dos quais Plotino delineia — então se tem primeiro esta afirmação muito específica de que o Uno ou unidade é absolutamente transcendente, inteiramente Ele mesmo.
então o poder, intrínseco e não diferente, o caracteriza, é a sua matéria = díade — henadas pré-ontológicas se discernem como partes sem partes do seu ser, independentemente de seu arranjo e/ou combinação (i.e., esquema interno) não surge heterogeneidade mas tudo é auto-idêntico —
está incluída a prefiguração do Princípio-Intelectual; número divino e as unidades que incluem Uno-muitos. Aqui também os muitos números essenciais são derivados do número divino.
O Uno: Exposição
A sequência específica de citações recitada no curso desta discussão destina-se a cumprir um duplo propósito. Por um lado, deve revelar algo sobre a misteriosa e infinita complexidade do Uno. Simultaneamente, deve organizar e ordenar para nossa compreensão os graus sem forma dentro do não-formado, do não-figurado, aos quais se fará referência como os seus aspectos indivisíveis. A investigação visa revelar tanto a fonte meta-ontológica das revelações de Plotino — a Alma que está enraizada no Uno — quanto o raciocínio que é baseado e flui da Alma como um existente autêntico no Princípio-Intelectual. Esta é a Verdade inspirada.
A primeira prioridade é chegar a alguma compreensão da completa perfeição do Uno em si. Secundária e concomitantemente será a descoberta de um modelo de pensamento paradigmático que indicará como qualquer “uno” — seja Ideia, Deus, Número ou Ser — é necessariamente constituído. Esta *insight* em desenvolvimento pode então tornar-se uma chave que desvendará alguns dos mistérios nos ensinamentos de Plotino e revelará para o aspirante espiritual o significado interno da teoria da participação.
É importante ter em mente continuamente que o pensamento deve sempre manter o Uno intacto enquanto se desenvolve a compreensão Dele como um paradigma para outros referentes ou princípios. Assim, embora necessariamente se empregue um modo incorreto de pensar no esforço para vislumbrar realidades que estão além do pensamento, nunca se fragmentará a unidade do Uno. Quando se fala, por exemplo, dos “aspectos sem partes” da Unidade indivisível, não se pode deixar de reconhecer e tentar dar conta do fato de que se está empregando e se dirigindo a um intelecto que opera em dualidades. Não se pode agir de outra forma. Mas este mesmo problema, estranhamente, indica precisamente que não se deve abolir a pluralidade de estruturas disponíveis e aplicáveis à relatividade universal que é tanto suspensa do Uno quanto incluída Nele. Deve-se explicar como a relatividade universal é incluída no Uno de uma maneira especial. Esta interpretação tentará retratar e dar conta dessa possibilidade e permitirá expor as duas visões da verdade: a verdade última que é o substrato da aparência, e as verdades dentro da aparência — verdades que não são reduzidas ou resolvidas naquela Última.