Este "Ensaio de esoterismo comparado", é um livro que inicia uma nova interpretação de Virgílio que pretende ser aprofundada e original, como trabalho de simbólica essencial centrado sobre a obra exemplar de Virgílio. é uma tentativa de apelo à totalidade da Gnose, utilizando os elementos mais diversificados do esoterismo, particularmente ocidental.
Ora, lege, lege, lege, relege, labora et invenies. Este antigo preceito dos alquimistas não vale apenas para se descobrir a Pedra Filosofal; é também útil segui-lo quando se busca, por uma exegese total que é uma verdadeira ascese, apreender o « segredo do Rei », isto é, o pensamento profundo de um Artista. Nós, quanto a nós, « lemos » e « relemos » a Eneida, « oramos » e « trabalhamos », procurando apagar-nos diante deste Mestre de Sabedoria que foi Virgílio, e diante deste céu imenso da Tradição onde possui o seu lugar marcado. E ficamos maravilhados pelas riquezas secretas encerradas na história de Eneias, pelos ensinamentos ofertados sob os seus véus simbólicos, por estes conhecimentos inumeráveis (Totus quidem Vergilius scientia plenus est, afirmava com justeza Servius) sutilmente agenciados para um fim único.
Mas qual é precisamente este fim? Com que propósito Virgílio compôs o seu poema maior? Alguns poderão considerar a questão ociosa, ou a resposta relativamente simples. De fato, corretamente posta, esta questão nos conduz não somente ao « ateliê do artista », mas ao mais íntimo do seu coração, e a resposta, em sua complexidade e unidade, pode advir apenas desta leitura de tipo « alquímico » precedentemente indicada. Conforme pensamos demonstrar, a intenção fundamental de Virgílio foi transformar a sua época ao mesmo tempo em que a transcendia; e a função da Eneida não se limita a uma iniciação para os Romanos: a sua revelação é de alcance universal e tocará, em toda parte e sempre, todo homem que souber compreendê-la com o rigor da Inteligência e o olho do Coração.
Virgílio — resumo
- Virgílio e a Transfiguração de Roma
- Em busca do domínio do tempo
- "Remontando a corrente de degradação" (Roger Godel)
- O problema da degenerescência e da reconstituição das elites
- A questão da decadência e da reconstituição da elite romana no século I AC
- Função criadora, ou recriadora, da epopeia heroica e mística
- De qual elite, segundo Virgílio, Roma necessita?
- Não justificar Roma, mas recriar Roma
- Virgílio e a Alma do Mundo
- A importância das distâncias
- O Imperativo criador
- O tempo transcendido
- O sentido da história
- Andar sobre a maré da história
- "Remontando a corrente de degradação" (Roger Godel)
- A encarnação da Alma do Mundo, a manifestação do Rei do Mundo
- Plano da Pessoa. O Homem Perfeito. Enéias
- O tema do "Homem Perfeito"
- Aplicação do tema a Enéias
- O tema da heliomorfose do herói
- Plano da Elite. A Aristocracia Perfeita. As «Enéadas», os Sacerdotes-Reis
- Características da "minoria criativa"
- Para uma nova elite romana
- O tema da heliomorfose da elite
- Plano da Coletividade. A Cidade Perfeita. Roma
- Sua natureza
- Seu papel
- Sua formação
- Sua arte
- Tema da heliomorfose de Roma
- Plano da Pessoa. O Homem Perfeito. Enéias
- Em busca do domínio do tempo
- O Poeta Iniciador: a simbólica como instrumento de exploração e de realização
- Símbolo e olhar
- Símbolo e Níveis Ontológicos
- A temática do Fogo
- Deciframento de um símbolo
- Os diversos registros de poesia
- O símbolo e a interdependência universal
- A Arcádia
- A Montanha santa
- O Éter
- As portas do esoterismo
- O casal Júpiter-Juno e o duplo Saturno
- A serpente, o cogumelo e a esmola
- Propedêutica para utilização dos símbolos
- A educação do olhar
- A prática da poli-exegese
- O trabalho do Coração