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id da página: 12551 Daryush Shayegan – Hinduísmo e Sufismo – O Confluente do Dois Oceanos Daryush Shayegan

Shayegan Confluente Dois Oceanos

Daryush ShayeganHinduísmo e Sufismo – O Confluente do Dois Oceanos

SHAYEGAN, Daryush. Les Relations de l’hindouisme et du soufisme: d’après le “Majma 'al-bahrayn” de Dârâ Shokûh. Paris: Éditions de la Différence, 1979.

📑 Tópicos em Hierarquia sobre a Convergência entre Hinduísmo e Sufismo
  • O Majma al-Bahrayn (Confluente dos Dois Oceanos), escrito por Dara Shokuh, foi composto após constatar, através de discussões com os Doutores (mohaqiqan) e os Perfeitos (kamilan) da comunidade indiana que atingiram o ápice da ascese, da Intuição mística (idrak) e da compreensão espiritual, bem como o limite extremo da gnose e da teosofia, que, exceto por algumas divergências verbais, não havia diferença em sua forma de compreender e conhecer Deus, motivando-o a comparar as proposições das duas seitas (Sufismo e Monismo Indiano) e reunir aquelas cujo conhecimento era proveitoso e absolutamente necessário aos aspirantes à verdade, sendo esta obra o resultado dessa coleta de verdades e ciências esotéricas pertencentes às duas comunidades.
  • O tasawwof (Sufismo) é a justiça e o abandono dos deveres puramente exotéricos, e a descoberta intuitiva (kashf) e o gosto místico da verdade, descritos neste tratado, são destinados aos membros da família do autor e àqueles que compreendem e são dotados de intuição mística, sendo que aqueles de inteligência opaca não terão parte nos seus lucros.

A Descrição dos Elementos (anasir) e sua Correspondência
  • Os elementos, que constituem a matéria da qual são feitos todos os seres pertencentes ao mundo dos fenômenos sensíveis (nasut), são cinco: o Elemento supremo (onsor-e azam), chamado de Trono supremo (arsh-e akbar) pela religião exotérica; o ar; o fogo; a água; e a terra.
  • Na linguagem indiana, estes cinco elementos são chamados pancha-bhut (pañcabhuta): akas (akas'a), bai (vayu), tayj (tejas), jal (jala), e pirthi (prthivi).
  • O akas (akas'a) é de três tipos: o bhut-akas (bhutakas'a), que envolve os elementos; o man-akas (manas-akas'a), que envolve os seres criados; e o ced-akes (cidakas'a), que envolve todas as coisas e é onipresente e eterno, não sendo acidental.
  • A primeira coisa que procedeu do cidakas'a é o Amor (ishq), denominado maya na linguagem indiana, sendo o hadith relativo a "Eu era um Tesouro Oculto, desejei ser conhecido e criei a criação" uma prova disso.
  • Do Amor procedeu o Espírito supremo (ruh-e azam), que é o jivatman, a Realidade mohammadiana (haqiqat-e mohammadi) e o Espírito universal do Mestre, e os monistas indianos o denominam herangarbha (hiranyagarbha) e avasthat atman (avasthatman), que se referem ao grau virtual do ser.
  • Em seguida, vem o elemento ar, chamado de Soupiro do Misericordioso (nafas-e rahman), do qual procedeu o vento.
  • Devido aos atributos de clemência e existenciação (ijad) do Soupiro, ele se resfriou, e a água procedeu do fogo.
  • Como os elementos ar e fogo não são sensíveis devido à sua extrema sutileza, e a água é mais sensível em comparação a eles, alguns consideram que a água nasceu primeiro, seguida pelo elemento terra, que é como a espuma da água.
  • Durante a ressurreição maior (qiyamat-e kobra), chamada maha parli (maha-pralaya) na linguagem indiana, a ordem da destruição é o inverso da criação: a terra é destruída, a água engole a terra, o fogo resseca a água, o ar apaga o fogo, e o ar se une ao Espírito supremo no maha akas (mahakas'a).
  • O fato de ter sido destacada a palavra "Face" nos versículos corânicos que tratam da aniquilação universal dos objetos ("Toda coisa perece exceto Sua face" - Corão XXVIII: 88, e "Todos aqueles que estão sobre a terra são perecíveis, enquanto subsistirá a face de teu Senhor que detém a majestade e a magnificência" - Corão LV: 26, 27) indica o mahakas'a, que é imperecível e constitui o corpo sutil da Essência divina.
  • A terra é chamada divi pelos indianos porque tudo procede dela e a ela retorna, o que encontra paralelo no Corão: "Da terra, Nós vos criamos. Nela, Nós vos faremos retornar. Dela Nós vos faremos surgir uma outra vez" (Corão XX: 55).

A Descrição dos Sentidos (hawas)
  • Os cinco sentidos externos (pañca-indriyani ou panjendri na linguagem indiana) correspondem aos cinco elementos:
    • O olfato (shamma, ou ghran - ghrana, o nariz) corresponde à terra.
    • O paladar (dhaiqa, ou rasana - rasana, a língua) corresponde à água.
    • A visão (basira, ou chachhe - caksuh, o olho) corresponde ao fogo.
    • O tato (lamisa, ou tavak - tvak, a pele) corresponde ao ar.
    • A audição (sami a, ou sarutar - s'rotra, a orelha) corresponde ao Elemento supremo (mahakas'a).
  • Os objetos sensíveis (mahsusat) correspondentes são: o odor (gandha), a sabor (rasa), a forma (rupa), o som (sabda), e o toque (spars'a).
  • A audição se relaciona ao Elemento supremo (mahakas'a), causa das percepções auditivas, e é através do órgão auditivo que a realidade do mahakas'a se manifesta aos gnósticos (pessoas do coração), enquanto os outros não têm a audição.
  • Há uma disciplina espiritual comum entre sufis e monistas indianos que consiste na percepção do mahakas'a: os sufis a chamam parada da respiração (pas-e anfas) e os indianos a denominam dahan (dhyana).

Os Sentidos Internos e a Doutrina do Ahamkara
  • Os cinco sentidos internos para os sufis são: o sensus communis (hiss-e moshtarak), a faculdade imaginativa (motakhayyila), a faculdade cogitativa (motifakkira), a memória (hafiza), e a faculdade estimativa (wahmiya).
  • Os monistas indianos admitem quatro sentidos internos, cujo conjunto é o antahkaran (antahkarana), sendo ele o quinto: 1) bodha (buddhi), que é a inteligência que se inclina para a bondade e evita o mal; 2) man (manas), que é o coração com as potências de sankalp (samkalpa - resolução) e bekalp (vikalpa - dissolução, anulação); 3) cet (citta), que é o mensageiro do coração, correndo para todos os lados, mas sem discernir o bem do mal; 4) ahankar (ahamkara), que é o que atribui as coisas a si mesmo, sendo um atributo do paramatma (paramatman) pela intervenção de maya (Amor).
  • O citta tem a propriedade particular sat-parkarat (sat-prakrti), que é como o pé: se for cortado, o citta não pode mais correr.
  • O ahamkara é de três tipos, que são graus da manifestação da Essência:
    1. Ahamkara-sattva (sattvaguna): significa gayan surup (jñanasvarupa), que é o grau supremo onde o paramatman diz: "eu sou tudo o que é", o grau do envolvimento universal de todos os objetos, aludido nos versos corânicos "Não se encontra Ele a abraçar toda coisa" (Corão XLI: 54) e "Ele é o Primeiro e o Último, o Aparente e o Oculto" (Corão LVII: 3).
    2. Ahamkara-rajas (rajasguna): é madham (madhyama), o grau intermediário, onde o místico, contemplando o jivatman, diz: "minha essência está livre do corpo e dos elementos, e a corporeidade não pode me ser atribuída," aludido em "Nada é à Sua semelhança..." (Corão VLII: II).
    3. Ahamkara-tamas (tamasguna): é adhan (adhama), o grau inferior ou avidya (insciência), que é o grau de vassalagem (obudiyat) da presença divina, no qual o homem, devido à extrema descida das limitações, atribui a si mesmo insciência (nadani), ignorância (jahl) e inconsciência (ghiflat), dizendo: "tu e eu nos afastamos do grau da unidade," como em "Dize: eu sou somente um mortal como vós..." (Corão XVIII: 110).
  • Segundo o Yoga Vasistha (Bashist), quando a presença divina desejou determinar-se, transformou-se em paramatman só por essa vontade; e, ao diferenciar-se mais, gerou-se o ahamkara, que, com a adição de outras determinações, assumiu o nome de mahatat (mahatattva), que é o Intelecto universal.
  • Do samkalpa e mahatattva nasceu o manas (também chamado prakrti), e deste samkalpamana precederam os cinco gayan-endri (jñanendriyani) - olfato, tato, visão, audição e paladar.
  • Da união do samkalpa e dos cinco jñanendriyani nasceram os membros e corpos materiais, cujo conjunto é a forma corporal (badan).
  • O paramatman (Pai dos Espíritos, cuja primeira teofania é a Realidade mohammadiana e a segunda é o Espírito Santo/Arcanjo Gabriel) emanou todas as determinações e se encerrou nelas, assim como um bicho-da-seda faz sair os fios de sua saliva e se encerra nela, ou como uma semente faz surgir a planta de si mesma e entra nela, encerrando-se nos laços dos ramos, folhas e flores.
  • Antes da manifestação, o mundo se ocultava na Essência, mas agora é a Essência que se oculta no mundo.

A Descrição das Disciplinas Espirituais (shoghl)
  • A disciplina espiritual ajapa (ajapa), considerada a melhor entre os vários gêneros, surge da universalidade dos seres vivos sempre e a cada instante, sem vontade ou intenção, tanto no sono quanto no estado de vigília.
  • O verso corânico "...Não há coisa alguma que não exalte Seu louvor, mas (infiéis) vós não compreendeis a exaltação delas" (Corão XVII: 44) alude a essa realidade.
  • A inspiração e a expiração do sopro são simbolizadas pelas palavras man (moi - eu) e hu (lui - ele).
  • Isto significa "hu manam" ou "Ele eu sou".
  • Os sufis encontram o equivalente dessa disciplina nas palavras Hu Allah (Ele é Deus), manifestando-se o Hu na expiração e o Allah na inspiração, palavras que jorram de todos os seres vivos, embora eles não estejam conscientes disso.