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Ricardo de S Victor

CRISTOLOGIA — RICARDO DE SÃO VITOR



Excertos de Julián Marías — O TEMA DO HOMEM

As duas figuras capitais da Abadia de São Vítor são Hugo e Ricardo, este discípulo do primeiro, que recolhe em sua integridade o ensinamento e o saber de seu mestre, e o prolonga com originalidade e agudeza. Ricardo de São Vítor, que morreu em 1173, era natural da Escócia. Seu pensamento determina-se, em boa parte, pelo agostinismo e pela obra de Santo Anselmo; é, por esta razão, uma filosofia da intimidade, que chama a atenção enfaticamente sobre o ser do homem, nele se apoiando para elevar-se ao conhecimento de Deus. Como nos pensadores que vimos anteriormente, em Ricardo o conhecimento do ente humano e do ente divino esclarecem-se mutuamente. O que a experiência ensina sobre o homem serve de ponto de apoio para inferir — mutatis mutandis — certas determinações da Divindade, e, de modo inverso, o que o raciocínio mostra como próprio de Deus serve para tornar compreensível em sua raiz mais profunda o próprio ser do homem, imagem da Divindade. Talvez em nenhum filósofo da Idade Média se faça um uso mais consciente e perspicaz deste método alternativo, que consiste em contemplar uma após outra, com os diversos meios de que o homem está dotado, a realidade divina e sua imagem humana.


Alcança com isto sua maturidade uma linha intelectual que a antropologia seguira desde Santo Agostinho. Tentei examiná-la brevemente em seus momentos capitais. Posteriormente, no século seguinte, acontecerá à filosofia uma magna peripécia histórica, a irrupção das obras de Aristóteles no âmbito da especulação escolástica, e o problema do homem será abordado, sem perder de todo a continuidade, por outras rotas.

Para esta seleção segue a edição seguinte: Richard Sancti Victoris Opera omnia, Lugduni 1534. — Entre os livros recentes sobre Ricardo de São Vítor, podem ser consultados: E. Kulesza: La doctrine mystique de Richard de Saint-Victor (1925), e C. Ottaviano: Riccardo di S. Vittore. La vita, le opere, il pensiero (1933).


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