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id da página: 2866 Philokalia-Therapeutes Philargyria

Philokalia-Therapeutes Philargyria

Jean-Claude Larchet — Terapêutica das Doenças Espirituais

Phylargyria (avareza) e Pleonexia (avidez)

Embora representando duas atitudes apaixonadas diferentes, a philargyria e a pleonexia podem ser estudadas em conjunto na medida que, por um lado, procedem as duas do mesmo apego apaixonado aos bens materiais e por outro, andam pari-passo na realidade cotidiana, uma implicando na outra.

O que está em jogo nestas paixões (pathos) não é o dinheiro e os bens materiais em si mesmos, mas a atitude perversa do homem a respeito deles. A finalidade destes bens é seu uso relativo à subsistência. A cupidez e a avareza não permitem que se respeite esta finalidade e levam a uma atitude patológica lhes conferindo um valor em si mesmos em lugar de um valor utilitário, alimentando o deleite de possuí-los pelo simples prazer da posse. Como afirma Maximo o Confessor o que é mau "não são as riquezas mas a avareza..." (Centúrias sobre a Caridade III).

O mau uso da faculdade de desejo (epithymetikon. acarretando um distúrbio nas demais faculdades, constitui o caráter patológico da philargyria e da pleonexia. Mas este mau uso se define não apenas com relação aos bens materiais mas mais fundamentalmente relativamente a Deus, implicando também nas relações do homem consigo mesmo e com seu próximo.

O amor de Deus e o apego aos bens espirituais de um lado e o amor do dinheiro e o apego aos bens materiais por outro, se fundam sobre a mesma faculdade desejante do homem (epithymetikon), sendo no entanto incompatíveis e mutuamente exclusivos: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom." (Mt 6:24) Nicetas Stethatos escreve: a philargyria "incita os homens a preferir o amor do dinheiro ao amor de Cristo, põe o Criador da matéria mais baixo que a matéria (hyle) ela mesma, persuade a adorar esta ao invés de Deus".