Akedia — acídia
Vizinha da tristeza (lype), a tal ponto que a tradição ascética ocidental reúne estas paixões em uma apenas. A tradição ascética oriental as distingue.
A akedia corresponde a um certo estado de preguiça e a um estado de aborrecimento, mas também de desgosto, de aversão, de lassidão, e igualmente de abatimento, de desencorajamento, de languidão, de torpor, de sonolência, de peso do corpo (soma) e da alma (psyche).
Através dela se manifesta uma insatisfação vaga e geral, onde não se tem gosto por nada, tudo é enfadonho e insípido, nada vale nada.
A akedia deixa o homem instável em sua alma e em seu corpo, suas faculdades ficam inconstantes; seu espírito incapaz de se fixar vai de um objeto a outro. Sozinho, o homem fica inquieto, buscando distrações, errando e vagabundeando. Busca contatos a qualquer preço com todo mundo, que pela paixão se tornam indispensáveis. Estabelece assim relações fúteis que alimenta discursos inúteis e vã curiosidade.
Algumas vezes cresce, pela akedia, uma aversão intensa e permanente ao lugar que se reside, um descontentamento que faz imaginar lugares melhores, atividades e pessoas mais interessantes.
Todos estes estados que se associam à akedia são acompanhados de inquietude ou de ansiedade, que são além do desgosto, um caráter fundamental desta paixão. É particularmente junto àqueles que se dedicam à vida espiritual que a akedia ataca: desviando-os das vias do Espírito, impedindo-os de várias maneiras cumprir as atividades que uma tal via implica, e particularmente minando a regularidade e a constância da disciplina ascética (askesis) que esta via necessita, rompendo o silêncio e a imobilidade que a favorizam.