Tao
Henry Normand: MESTRES DO TAO
Os primeiros chineses se instalaram às margens do rio Amarelo (Houang Ho), ricas em aluviões férteis (loess), fazendo dos novos moradores um povo de agricultores. Este era "o País entre os Canais", cujo outro nome era "o Império do Meio", pois estava situado no centro do quadrado da Terra. Mas o próprio império era quadrado, como o demonstra o culto público:
Os fiéis formavam um quadrado ao pé de um outeiro de forma quadrangular que representava "o altar do Sol". O tampo formado no cume do montículo era de cor amarela, que é a cor da Terra, mas também a do centro (pois a Terra está no centro do Universo e o centro desse centro é o Império do Meio, igualmente amarelo). O altar — que indicava os pontos cardeais — era composto de terra branca a oeste, de terra verde a leste, de terra vermelha ao sul e de terra preta ao norte. A cor azul, pertencente ao céu, não era indicada. O império assim representado era repartido em "domínios" pretos, brancos, vermelhos e verdes. Quando esses domínios eram ameaçados, as pessoas se refugiavam no centro da pátria, a fim de salvá-la e de reconstituir a sua integridade.
Nesse mundo simbolicamente visualizado, o centro desempenha um papel preponderante, pois é o catalisador, tanto das forças vivas como de suas emanações. E, contrariamente a outras tradições que vêem no centro um vazio de coesão, o plano aqui considerado é o da matéria e o da manifestação. Talvez seja por isso que os princípios do "altar do Sol" podem ser reencontrados na gestão mítica dos primeiros Soberanos!
OS CINCO SOBERANOS
No centro, está o Imperador Amarelo, Houang-ti, considerado o grande patrono das seitas taoístas, seguido por Tchouan-hiu e Kao-sin. Os dois últimos — os únicos a serem mencionados no Chou-Ching atribuído a Confúcio — são Yao e Chouen. Mas uma tradição iconográfica leva os Cinco Soberanos a serem precedidos por três Augustos: Fou-hi, Niu-koua e Chen-nong. Como Fou-hi e Niu-koua por vezes formam uma dupla — enlaçando-se pela cauda —, a função de segundo Augusto é cumprida por Tchou-Jong, que precede Chen-nong.
Os sinólogos supõem que a teoria dos cinco elementos seja fundamental para o estudo e para a reconstituição da história antiga. Como os textos nem sempre são uniformes, e a fim de evitar qualquer confusão, serão desenvolvidos apenas alguns aspectos desses personagens que confirmam determinadas noções do Tao.
Aos Cinco Soberanos sucede a Dinastia dos Hia, igualmente mítica, cujo primeiro imperador foi Yu. Ele teria sido o instigador da regularização das terríveis enchentes do rio Amarelo.
Segundo as indicações de duração, Sseu-ma Ts'ien atribui ao reinado de Yao as datas 2357 a 2256 a.C. e ao de Yu as de 2223 a 2206 a.C., arrolando dezessete reis para a Dinastia dos Hia; esta Dinastia teria governado por um período de quatrocentos e trinta e nove anos, tendo sido destituída pela Dinastia dos Yin, cujo fundador era T'ang, o Vitorioso, um descendente de Sie, que, por sua vez, era filho do céu e de uma mãe virgem. Por conseguinte, o taoísmo e o confucionismo teriam aparecido cerca de mil e duzentos anos mais tarde.