A Imaginação criadora como teofania, ou o «Deus do qual é criado todo ser»
É necessário antes de tudo, de nos fazer relembrar os atos da cosmogonia eterna concebida pelo gênio de Ibn Arabi. Um Ser Divino solitário em sua essência incondicionada, da qual só conhecemos uma coisa: precisamente a tristeza desta solidão primordial, que o faz aspirar a se revelar nos seres que o manifestam a ele mesmo na medida que que ele se manifesta a eles. É esta Revelação que percebemos; é ela que nos é necessário meditar para conhecer quem somos. O leitmotiv enuncia não a fulguração de uma Onipotência autárcica, mas uma nostalgia profunda: «Eu era um Tesouro oculto, amei a ser conhecido. Eis porque produzi as criaturas a fim de me conhecer nelas». Esta fase é representada como a tristeza dos Nomes divinos se angustiando no desconhecimento, porque ninguém os nomeia, e é esta tristeza que vem distender esta Aspiração divina (tanaffos) que é Compaixão (Rahma) e existenciação (ijad), e que no mundo do Mistério é Compaixão do Ser Divino com e para si mesmo, quer dizer para seus próprios Nomes. Ou ainda, origem e princípio são uma determinação do amor, o qual comporta movimento de ardente desejo (harakat shawqiya) naquele que é amoroso. A este ardente desejo, o Suspiro divino aporta sua distensão.
Excertos: