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id da página: 1400 Mario Ferreira dos Santos|MÁRIO FERREIRA DOS SANTOS TRATADO DE SIMBÓLICA Mário Ferreira dos Santos

Santos Símbolo Luz

luz

O SÍMBOLO DA LUZ E DAS CORES

Não cabe à Simbólica o estudo da luz, como o é feito na ótica e na Física, mas apenas o referente à sua significabilidade, como motivadora das cores e o significado que estas sempre tiveram e têm para o ser humano.

Nesta parte, onde iremos examinar algumas aplicações do símbolo, não podemos estender-nos como seria de desejar, pois o nosso “Dicionário dos Símbolos e Sinais” em preparação, conterá a simbólica universal, não só no campo da Arte, como no campo da Religião, da Ciência, da Matemática, da Física, da Filosofia, da Sociologia, da Psicologia, dos Sonhos, da Política, etc.

Entre os ocidentais, cabe a Goethe um dos melhores estudos sobre o simbolismo das cores. Considerando que a cor é o choque entre a luz e as trevas, as cores revelam, ora o predomínio das trevas, ora o da luz. Chamam-se de cores quentes as mais luminosas, mais claras, e cores frias, as menos luminosas, as mais escuras, como o violeta.

A cor clara é sempre alegre e a escura é triste.

Sabe a psicologia que, no escuro, a circulação sanguínea diminui, enquanto na passagem da sombra para a luz, há mudança dessa circulação.

Às sombras, às trevas ligamos esquematicamente o medo, o pavor, o terror, o confuso, etc. É das trevas que saem os perigos, enquanto da luz sai a vida, a criação, a tranquilidade.

Os momentos alegres os assimilamos à luz, enquanto os momentos lutuosos, tristes, acabrunhantes os assimilamos às trevas.

E como as sombras se esquematizam em estruturas de medo e de pavor, é natural que as trevas provoquem medo e pavor, pois são assimiladas ao esquema.

Por outro lado, o luminoso, o claro, liga-se a tudo quanto é alegre, criador, vivo, razão pela qual a luz é animadora, porque desde logo é assimilada a esquemas que se estruturam com agradabilidade, enquanto o inverso se dá, quando assimilada aos esquemas em que há desagradabilidade, que se ligam aos penumbrosos, trevosos, etc.

(NA: Para a Física moderna, as cores têm origem nos saltos eletrônicos. Dá-se a luz, quando os elétrons são suspensos das órbitas inferiores para as superiores, e, nesse caso, lançam partículas, fótons, energias transmitidas, de intensidade heterogênea. Assim, o vermelho se dá quando há saltos eletrônicos da terceira para a quarta órbita; o azul, da 2a. para a 3a., e o ultra-violeta, que já não é visível, da la. para a 2a. órbita. Esta explicação é elementar e não traduz a complexidade dessas órbitas e de suas características, como se verifica nos modernos estudos físicos sobre a teoria atômica.

Reserva-se, no entanto, algo positivo para o pensamento de Goethe, que aliás reproduz um velho pensamento já esboçado no Ocidente por Nicolau de Cusa e os que se inspiraram em suas ideias, sobre a luta entre as trevas e a luz, cujos estudos encontramos na cultura alexandrina, entre os gnósticos, nos egípcios, como em todos os conhecimentos herméticos e iniciáticos das culturas superiores. No entanto, convém salientar que, no pensamento iniciático, há uma distinção entre a luz física e a luz espiritual. A luz, que a Física estuda, é a luz física, de origem eletrônica. A luz espiritual, que não poderíamos aqui estudar, refere-se em parte ao que físicos atuais, como Einstein, viram-se na contingência de examinar, e que Schoenberg chamou de "ondas imateriais". Neste caso, não é o elétron que pilota uma onda, mas uma onda que pilota o elétron. A onda, que surge do elétron, teria uma causa eficiente em outro poder que ultrapassa ao campo da eletrônica e da física nuclear. E, uma interrogação que surge para os mais profundos estudiosos modernos da Física, pois há, nela, o revelar-se de algo que ultrapassa a dimensionalidade do mundo quaternário da Física, das dimensões que compõem o esquema cronotópico, ou seja, do complexo tempo-espacial. Este tema será por nós abordado em nosso livro "Filosofia e Ciência", em preparação.)