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id da página: 12755 Izutsu (TIST) – Tanzih e Tashbih Toshihiko Izutsu Toshihiko Izutsu

Izutsu (TIST) – Tanzih e Tashbih

Desta nova perspectiva, Ibn Arabi chama o aspecto oculto e o aspecto auto-revelador (do Absoluto) de tanzih e tazhbih, respectivamente. Estes são dois termos-chave tirados da terminologia da teologia islâmica tradicional. Ambos os termos desempenharam um papel extremamente importante na teologia desde os primeiros tempos da sua formulação histórica. Tanzih (do verbo nazzaha que significa literalmente 'manter algo afastado de qualquer coisa contaminante, qualquer coisa impura') é usado em teologia no sentido de 'declarar ou considerar Deus absolutamente livre de todas as imperfeições'. E por 'imperfeições' entende-se neste contexto todas as qualidades que se assemelham às das criaturas mesmo no mais leve grau.

Tanzih neste sentido é uma afirmação da incomparabilidade essencial e absoluta de Deus com qualquer coisa criada, a Sua transcendência sobre todos os atributos criados. É, em suma, uma afirmação da transcendência Divina. E como o Absoluto per se, como vimos, é um Incognoscível que rejeita todo o esforço humano para se aproximar dele e frustra toda a compreensão humana em qualquer forma, a razão sã naturalmente inclina-se para o tanzih. É uma atitude natural da Razão na presença do Absoluto desconhecido e incognoscível.

Em contraste com isto, tashbih (do verbo shabbaha que significa 'tornar ou considerar algo semelhante a outra coisa') significa em teologia 'assemelhar Deus a coisas criadas'. Mais concretamente, é uma afirmação teológica postulada por aqueles que, com base nas expressões corânicas que sugerem que 'Deus tem mãos, pés, etc.', atribuem propriedades corpóreas e humanas a Deus. Muito naturalmente, tende a virar-se para um antropomorfismo grosseiro.

Na teologia tradicional, estas duas posições são, nas suas formas radicais, diametralmente opostas e não podem coexistir em harmonia. Ou se é um 'transcendentalista' (munazzih, i.e., aquele que exerce tanzih) ou um 'antropomorfista' (mushabbih, i.e., aquele que escolhe a posição de tashbih, e defende que Deus 'vê com os Seus olhos', por exemplo, e 'ouve com os Seus ouvidos', 'fala com a Sua língua' etc.).

Ibn Arabi entende estes termos de uma forma bastante original, embora, é claro, ainda permaneça uma reminiscência dos significados que têm em contextos teológicos. Em suma, tanzih na sua terminologia indica o aspecto de 'absolutismo' (itlāq) no Absoluto, enquanto tashbih se refere ao seu aspecto de 'determinação' (taqayyud). Ambos são neste sentido compatíveis entre si e complementares, e a única atitude correta é afirmarmos ambos ao mesmo tempo e com igual ênfase.